segunda-feira, 13 de abril de 2009


Amor de verdade

O sentimento verdadeiro, às vezes não provém de parentesco de sangue, ou qualquer outra forma de laço. O vínculo às vezes acontece onde é menos provável; como a relação sogra e nora, que carrega um estigma de ser um relacionamento, caracterizado, pela aversão, inimizade. Na foto acima, está eu e a minha sogrinha querida! Viemos ao mundo pra provar que tal estigma pode ser diferente, quando se sabe amar e querer bem de verdade. Estivemos muito tempo juntas, dividindo alegrias, tristezas, momentos delicados, como quando meu sogro faleceu; dividimos os últimos momentos dele, numa parceria silenciosa, mas estreita, onde a dor estava presente.

Quando a doença do meu sogro se agravou, a filha deles levou-os para Florianópolis, onde mora, para melhor cuidar deles. Logo em seguida meu sogro veio a falecer e minha sogra em conseqüência da separação de um casamento de 50 anos, veio a sofrer um AVC, o que tornou sua permanência em Florianópolis inevitável, e assim acentuou a minha separação dela. Mas o nosso carinho, nosso sentimento, permaneceu intacto, mesmo com a distância, tão presente. Os sentimentos verdadeiros
não se despedaçam em situação nenhuma, mesmo que as adversidades da vida ocorram com freqüência.

Anteriormente eu conseguia vê-la mais seguido, mas com a idade do meu pai avançando, nosso contato ficou mais espaçado, o que me doeu muito. Temos uma afinidade grande. Ela me faz rir muito e ri das bobagens e das coisas do meu cotidiano, quando lhe conto. Quando vou visitá-la costumamos ficar conversando, até o dia amanhecer, sem nos cansarmos. Sinto muita falta dela, das nossas conversas e parece que a vida, me deu a missão contraditória, de cuidar do meu pai, com o qual não tenho afinidade nenhuma, e me separou de quem amo muito. Talvez seja o destino brincando com meus sentimentos, ou a vida me pondo à prova.

Agora na Páscoa, ela veio a Porto Alegre e pude matar minha saudade. Quando me viu, se emocionou, chorou. Devido à fragilidade que a isquemia lhe causou, tive que ser forte e não chorar. Estou chorando agora, ao escrever e ao lembrar seu corpo fragilizado, seu olhar triste. Me sinto inconformada por não ter a possibilidade de tê-la ao meu lado, de cuidar dela até seus últimos momentos. Por ter de cuidar de alguém que merece menos que ela. Alguém, que não dá valor à vida, que apenas está se deixando viver, enquanto ela tem muito a me acrescentar em amor e lição de vida.
A vida me acorrentou a uma missão que não concordo, mas não posso fazer nada a não ser cumpri-la e pedir que Deus me dê forças para isso, mesmo que isso me deixe distante de quem é uma segunda mãe pra mim e a quem amo tanto.