Varal
Largo minhas coisas em qualquer canto.
Deixo cair meu corpo na cama,
molemente, sem forças.
O estupor me envolve frio.
Pensamentos evasivos
desencontrados
dançam dentro de mim.
Aspiro lentamente o ar,
o cheiro vem áspero, trazendo lembranças,
já apontando a saudade.
A dor me assedia, sem piedade.
Vem aos pedaços, preenchendo,
meus espaços ainda sadios.
Tudo ainda é recente,
mas parece que há anos a saudade está presente.
Ontem estava tudo afinado,
hoje minha sintonia desencantou-se.
Meu sorriso fechou-se.
Minha fisionomia endureceu
Tornei-me dor
Tornei-me tristeza.
Abro lentamente os olhos
E tudo está ali na minha frente
Balançando sob a aragem que entra pela janela:
os dias de alegrias inesquecíveis,
as noites de paixão desenfreada,
os toques, os beijos,
o corpo rente, sequioso.
O bom dia com sorriso,
o boa noite com promessas,
o despertar, entre carícias.
O olhar brilhante
E por fim o olhar esquivo.
A boca dos beijos,
agora dizendo adeus.
Esporeando minha alma,
Espinhando meu corpo.
Tudo na minha frente,
balançando-se trêmulo.
Mostrando-me,
enfrentando-me,
desafiando-me a lutar
espargir a dor em pequenas porções
afastando-a definitivamente.
É hora de reviver.
Beti Timm
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