quinta-feira, 16 de abril de 2009


Varal


Largo minhas coisas em qualquer canto.

Deixo cair meu corpo na cama,

molemente, sem forças.

O estupor me envolve frio.

Pensamentos evasivos

desencontrados

dançam dentro de mim.

Aspiro lentamente o ar,

o cheiro vem áspero, trazendo lembranças,

já apontando a saudade.

A dor me assedia, sem piedade.

Vem aos pedaços, preenchendo,

meus espaços ainda sadios.

Tudo ainda é recente,

mas parece que há anos a saudade está presente.

Ontem estava tudo afinado,

hoje minha sintonia desencantou-se.

Meu sorriso fechou-se.

Minha fisionomia endureceu

Tornei-me dor

Tornei-me tristeza.

Abro lentamente os olhos

E tudo está ali na minha frente

Balançando sob a aragem que entra pela janela:

os dias de alegrias inesquecíveis,

as noites de paixão desenfreada,

os toques, os beijos,

o corpo rente, sequioso.

O bom dia com sorriso,

o boa noite com promessas,

o despertar, entre carícias.

O olhar brilhante

E por fim o olhar esquivo.

A boca dos beijos,

agora dizendo adeus.

Esporeando minha alma,

Espinhando meu corpo.

Tudo na minha frente,

balançando-se trêmulo.

Mostrando-me,

enfrentando-me,

desafiando-me a lutar

espargir a dor em pequenas porções

afastando-a definitivamente.

É hora de reviver.


Beti Timm