domingo, 28 de setembro de 2008


Antes e depois


Este mês estou fazendo um ano de blog. Certamente, não é um fato inédito, nem mesmo, tão importante. Particularmente, porém, é uma realização pessoal, da qual, ainda cada detalhe me surpreende, me instiga a repassar, como cheguei, há esse estágio completo, vindo de um ciclone de emoções e dores imensuráveis, das quais estive à mercê, sem vislumbrar nenhum futuro, nenhuma possibilidade de ao menos viver.


Despedi-me de um casamento de 20 anos. Um relacionamento perfeito, e que acabou, tão sereno, como quando começou. Não sobraram seqüelas. Mas tive que enfrentar um aprendizado pra viver sozinha, com uma filha, que dependia, da minha estabilidade emocional. Assim, totalizaram-se medos, inseguranças, angústias, perdas, monotonias longas, rotinas sufocantes e incansáveis.

Passou a me acompanhar, uma mesmice após a outra, sem intervalos. Sem sobressaltos. Um rio, turvo, estático, que não desembocava, em lugar nenhum. Um monólogo, onde só eu escutava, e sem me ater a nenhum ponto. Sobrevivia! Os dias passavam, um a um, sem contabilizar, nenhuma emoção! Nada que fosse instigante. Nada que fizesse-me crer que valia a pena estar viva.


Durante este marasmo, me deparei, com uma Síndrome do Pânico. Arrasadora! Que se denotou, como um alarme, avisando-me, alarmando-me, do mal que em mim se instalava. Jogou-me numa depressão, infinda. Um medo, que devorava-me aos poucos, pelas beiradas. O medo de morrer era sufocante, intenso. Eu morria a cada crise, e no minuto seguinte, já estava desesperada, temendo a próxima. Após um ano de depressões profundas, terapia, medicação e ajuda de pessoas que me amavam, e que estiveram fielmente do meu lado, voltei a andar sozinha. Um passo depois do outro. Voltei a trabalhar. Retomei minha vida!


Fui recolhendo, pedaços, de tudo que acreditava ter perdido. Depois de anos de solidão, sem expectativas, nem sonhos. Fui em busca do que meu íntimo evocava, com veemência: as paixões, o revigorante, por mim esquecido. Mergulhei inteira, no anseio das paixões. Precisava, ainda preciso, me apaixonar, amar, revirar-me em sensações intensas. Foi o que fiz. Obviamente, que o despreparo, e muito sequiosa, que estava, rendeu-me dores indesejáveis.

Joguei-me de cabeça, desmedida! E tornei-me refém da dor, do amor, da desesperança, da desilusão, que me deixou sem rumo. Mas felizmente, foi só um surto! Recuperei-me, juntei meus pedacinhos e não me desencantei! Não fiz disto uma bandeira da decepção, do nunca mais. Ainda meus erros são freqüentes. Tento saná-los, mas não permito, me inibir, me desestimular.


Hoje, a paixão é meu porto, onde atraco minhas emoções, meus êxtases constantes! Minha clarabóia para a vida! Meu instinto imediato.
Na paixão levito, me entrego, me escravizo e também sou dona e senhora! Porém, mais urgente, é a paixão pela vida. Deleito-me na harmonia,e na parceria, que ela me oferece.

Estar aqui, hoje, sem pretensões literárias, apenas brincando de escrever, é um podium, que nunca pensei subir! Menos ainda, colher amigos especiais, e elogios. A cada letra por mim saboreada, com ansiedade, nos comentários, tem um sabor de vitória, de obstáculos que achava intransponíveis. De sonhos fielmente escondidos e que agora desfilam exuberantes diante de meus olhos. Estar aqui um ano, é ter lutado pelo que parecia inviável! Tendo como recompensa o resgate da minha vida e do direito de ser feliz!

terça-feira, 23 de setembro de 2008


Quem é essa mulher?

Uma loba travestida de mulher, ou uma Deusa?


Quem é essa mulher?
Que surge por entremeios de precipitações.
Nos cantos da vida, pra num relâmpago tomar o centro e ali se estabelecer.


Quem é essa mulher?
Travestida de dona do mundo, mas que se reconhece pela ternura.
Quem é essa mulher? Que se encanta com o lúdico, numa sensibilidade, numa busca pelo florescer.


Quem é essa mulher?
Que desenha o vermelho, no seu caminho.
Que enlouquece e enternece quem dela se aproxima.
Quem nela bebe sua essência, quem nela sacia sua fome.
Com essa fome, toma tudo o que a vida lhe oferta.
Com uma ânsia inesgotável, desfruta seu dia a dia
Banqueteia-se como se fosse a última ceia.

Quem é essa mulher?
Que desencanta as tristezas, desalojando-as do seu interior enaltecendo a alegria de estar viva.
Que transita pela vida, derrubando o que lhe é inviável.
Que se desmancha em caricias, quando é acarinhada
Que se deslumbra em momentos etéreos
E se fortalece, nos momentos intensos.

Quem é essa mulher?
Que todos querem conhecer, mas todos se intimidam com sua força.
Mas que no seu interior, guarda uma docilidade que enternece, que nos faz chorar, sem sabermos porque.

Quem é essa mulher?
Que exagera nos seus infinitos prazeres.
E que, no entanto, se desmancha quando precisa ser amada

Quem é essa mulher?
Que carrega a magia na ponta dos dedos, quando escreve, e passa suas emoções para nós.

Quem é essa mulher?
Que transcendi nas sensações e se desvaira nas paixões
Que se eterniza pelo riso, e provavelmente se desvencilha das lágrimas, num instante fugaz.

Quem é essa mulher?
Que se desfaz em sonhos e se recompõe na realidade.
Que exarceba na intensidade de viver, e devolvendo a vida essa mesma intensidade!

Quem é essa mulher?
Que descobri nesses acasos da vida.
De quem quero uma parceria constante.
Uma amizade duradoura.
Um carinho despretensioso.
Quem é essa Loba-mulher?
Que vai dormir menina e acorda uma mulher exuberante?


À minha amiga, recente, mas que me parece ter andado junto comigo há muito tempo. Uma parceira constante e encantada!

sábado, 20 de setembro de 2008

Ao Zeca, o sapinho mais charmoso e culto do planeta!




Sapo Zeca, suas bicharadas e histórias




Zeca aqui, Zeca acolá


Era uma vez, no longíguo Reino Encantado do Zeca,
um castelo de nome “Janelas do Zeca”
habitado por uma Princesinha com tristeza no olhar
que ficava dia e noite na janela
a seu Príncipe esperar.
Com ela, habitavam o castelo, o serviçal Zeca
cujo olho pra princesinha era sempre espichado.
Havia também o sapo Zeca, um sapinho culto e estudado
e o bode Zeca, aquele do olhar de paisagem

que de tão arredio, vivia querendo fugir!





Eis que tal evento se sucedeu
o serviçal de tão distraído
numa enrascada se meteu
e pela sua cobiça foi traído.
O teimoso bode Zeca, depois de desnorteadas cabeçadas
levando de arrasto o pobre sapo Zeca
pulou
a janela do castelo
e assim teve a sua liberdade alcançada.



A princesinha, pôs-se a chorar
passando os dias desconsolada
pelo castelo a vagar.
Num lampejo de esperança
lembrou-se que se beijasse seu amado sapinho
este reconheceria os lábios, numa doce lembrança.
Foi-se então a pobre, numa busca pelos brejos
deparando-se então com uma infinidade de sapos
solicitando-lhe beijos!
E atônita a princesa exclamou:
Meu Deus, quantos sapos terei que beijar
para meu sapinho Zeca encontrar!




E sua tarefa iniciou
no décimo sapo
pra sua estonteante surpresa
e por ter sido este um beijo de amor
o sapo Zeca, num garboso príncipe se transformou!



Retornavam ao castelo felizes
seguidos de um constrangido bode Zeca
Por tanto transtorno ter causado.
Quando uma voz esganiçada ouviu-se:
esperem-me!
Quero também morar naquele castelo encantado!
Sou o Zeca-meiro!
O príncipe virou-se com estranheza.
Fitou a figura estranha e pensou mal-humorado:
muito Zeca para uma só Princesa!



Acabou-se o que era doce! Quem quiser que conte outra...
Acabou? E o Zeca-meiro?

quarta-feira, 17 de setembro de 2008


Minha paz

Minha boca se esfacela,
em mil fragmentos
sequiosa da falta da tua
meus olhos vagueiam
desmesurados
em busca da claridade dos teus
e quase vejo os teus olhos
nos meus mergulhar
e tua paixão despejar.

Nos meus devaneios alucinados
teus braços enlaçam
meu corpo, desmanchando-o
de volúpia
revirando prazeres esquecidos.

Enlouqueço-me na lascividade
da tua língua frenética
que tramita meu corpo
procurando meu atalho
transcendendo meus limites
invadindo minhas fronteiras
possuindo-me sem piedade
sem licença pré-concedida.

E mesmo assim
nenhum protesto esboço
esse é meu infinito
meu caminho sem volta
onde eu quero guarnecer
meu fogo, meus temores
minhas fraquezas.

No teu corpo, entrelaçada
quero sonhar que sou feliz
que possuo tudo que quero:

minha insanidade e minha paz.

segunda-feira, 15 de setembro de 2008


Esperando a morte chegar

O título é mórbido, derrotista, ou nem tanto. Sem eufemismo, vasculho minhas expectativas, e concluo, que nada é definitivo, que nada me leva a temer a morte. Também porque acredito, que esta não é nossa única passagem, neste mundo. Desprendida como sou, não tenho últimos desejos, ou melhor, quero tudo que a vida me apresentar, até mesmo as mazelas! Estas proporcionam mais aventura, mais vigor, na tarefa de superá-las.
Desejos? Têm muitos! Acordo-me todos os dias, desejando coisas, evocando sonhos. Tudo por exarcebar, na minha vitalidade, na minha ânsia para catar da vida, tudo que dela obter, o que me for ofertado. Mas evidente, que desejo muitas coisas, muitos amores, muitas paixões desenfreadas. Sou muito assim, desenfreada, impulsiva, intensa. Um pouco precipitada. Pouco? Sou a própia precipitação! Tento medir meus atos, controlar minhas atitudes, programar minhas ansiedades, mas bato de frente sempre com minha impulsividade e capitulo covardemente. Rendo-me aos meus desejos mais urgentes, e quando recebo um “não”, nem mesmo me arrependo. Fiz, está feito! E se não tivesse feito?
É desse arrependimento, que eu me desvio a todo o momento, que descarto com muita convicção! A imprudência de não ter realizado algo, desejado, com muita veemência me deixaria prostrada, insatisfeita. Ser covarde, isso não me permito. Não uso a evasiva, as desculpas ardilosas, para me esconder, me omitir, para a dor não me invadir. Jamais fujo, do inesperado.Vou lá, caço, seduzo e se perder, aceito, me rendo, mas não fico amargurada. Engajo-me em outra batalha, com a mesma disposição.Jamais provocaria a Eutanásia dos meus sonhos. Preciso sempre estar em luta, isso evidencia meu estado de ser, exalta minha alma.
Minha vida é uma constante batalha, onde a cada delas me reinvento, me rejuvenesço. Procuro me reciclar a cada eventualidade, a cada devaneio. E me renovo, após cada investida, vitoriosa ou não. Minha metamorfose é diária, acordo com um sonho, e vou dormir com dois. Meu último desejo seria, permanecer como estou, inteira, sem fastio, farta e encantada pela vida.

quinta-feira, 11 de setembro de 2008


Divergir


Dela, nada sabia. Nem interessava saber. Sabia apenas da boca, carnuda, que
pedia beijos freqüentes, dos cabelos inquietos, que por vezes, desciam-lhe, pelos ombros quase chegando aos seios. Esses eram ousados, imaginava que sua cabeça ali repousaria, como num travesseiro macio, onde teria sonhos incandescentes, se fechasse os olhos. Sabia de cor a cadência de suas ancas, quando por ele, passava, como se entoasse uma canção, sensual, num ritmo molejante. As pernas, longas, já antevia entrelaçando suas costas, aprisionando-o com feracidade. Todos detalhes físicos lhe eram familiares, como se a olhasse numa fotografia, todos os dias.

Nunca ouvira sua voz, mas devia ser macia e quente, numa harmonia natural, com o corpo.Os dentes, esses, desconhecia, porque jamais a vira sorrir. Deixava, entrever uma tristeza fugidia, no olhar. Mas não inspirava mistérios. Parecia transparente, apesar da tristeza. Esta parecia ser declarada, sem subterfúgios. Ele não queria seu interior, ambicionava, suas externas, não seu casulo.

O desejo físico era-lhe mais premente! Necessitava estar com ela. Era uma urgência da qual não conseguia fugir. A oportunidade surgiu, sem que ele nem esperasse. No elevador, somente, os dois. As respirações, quase, afinadas, eram o único som, no silêncio flutuante do elevador.

Ela de olhos baixos, só vislumbrava a sombra dos cílios espessos. O desejo apresentou-se, afoito, passional, descendo do seu ventre, até o centro do seu corpo. Latejava, chegando a doer, numa ânsia descontrolada. As mãos suavam, frias, e tremiam como se estivessem fragmentadas do resto de seu corpo.

Tudo exigia um controle imediato, mas estava desprovido de qualquer comando. Os pensamentos enviavam mensagens, desconexas, sem qualquer rumo. O coração parecia retumbar no vazio, emitindo ecos ensurdecedores. A ressonância, contundente, chegava-lhe aos ouvidos, deixando-o ensurdecido.

Sentindo-se aquecido, percebeu o corpo quase colado ao seu. No mesmo instante, um calafrio, percorreu-lhe sua espinha, estremecendo-o. O corpo uniu-se ao seu, ensaiando uma dança uniforme.Movimentavam-se vagarosamente, numa tortura ondulante.

As mãos quentes insinuaram-se, pelo seu peito, desenhando, carícias, leves, usurpando seus sentidos. A boca carnuda e atrevida delimitou seus lábios, descendo pelo pescoço, e estancando-se no pomo-de-adão, ali sua língua generosa postou-se em círculos frementes.

Buscou-lhe uma das mãos trêmulas e a guiou, por sob sua saia, até a moradia da sua volúpia. Sua mão atrapalhada buscou o centro do desejo, e ouviu um débil gemido, ininteligível. Uma de suas pernas laçou-o pela cintura, ficando assim, mais exposta, mais acessível. Quando sua boca jogou-se, em busca daquela boca pecaminosa, ele estancou!

Sua passionalidade esvaiu-se, escoando-se numa queda vertiginosa. Sentiu-se fraco, impotente, desfalcado em seus sabores! Enxergou-se ridículo e num trejeito, num esganar de dor, desvencilhou-se daquele corpo de promessas que jamais consegueria cumprir.

Como um covarde, que era desertou do paraíso, que se descortinava, e do gozo, espontâneo, que aqueles olhos desnudavam. Chegou a sua casa, vazia, onde em cada canto jazia uma tristeza escondida. Foi para seu quarto, deitou-se em sua cama, fria e que jamais acomodaria outro corpo, que não o seu.

Estendeu-se e fitou o teto, com olhos desabrigados e concluiu, que tinha subtraído covardemente, de sua existência a etérea e inigualável entrada para a genuína paixão. Sem limites para o prazer.
Seria lhe concedido uma nova oportunidade?
Bem provável, que não!

terça-feira, 9 de setembro de 2008


Nebulosa ampulheta



Embranqueço, quando me deponho no teu colo
esquecendo, que lá fora estive obscura,
escondendo-me
de medos miscigenados nas dores ocultas
nos mistérios que envolveram-me num turbilhão momentâneo.

Estremeço, quando tua boca desenha a minha
com tua língua voraz
turvando minha lucidez
deixando a míngua meus últimos sentidos.

Entorpeço-me de olhos abertos e frenéticos
quando tuas mãos deslizam no meu corpo
num passeio denso, pouco definido
agrupando minha lascividade.

Quando teu corpo pesado
desmorona sobre o meu
revirando meu recôncavo a miúde
recreando-se no meu interior
minha transparência torna-se opaca.

Descontrolo-me a cavalgar-te imperiosamente
sentindo-me rainha, escravizando tuas sensações
impiedosamente, privo-te do meu olhar
indistinto, esquivo, coberto de nuvens
regojizo-me, lambuzo-me no teu esvair
na tua lava, que meu recanto acolhe
reconciliando-me com o prazer.
Sou tua.

domingo, 7 de setembro de 2008







Enseadas & penínsulas



Dias atrás, uma amiga blogueira, postou um post, sobre o fato de nós mulheres, um certo dia, acordarmos com o lado masculino, demasiadamente aflorado. Mencionou o hábito, “peculiar”, dos homens, manusearem, freqüentemente, o órgão de algumas utilidades primárias, como: aliviar os líquidos acumulados no organismo, manifestação do prazer, utilização do mesmo para satisfação deste prazer, ou mesmo um como o tão famoso símbolo da masculinidade.

Bem, deixando de lado a parte científica, vamos a busca de algumas explicações (se é que existem), para atitudes tão pitorescas. Como, os homens e as mulheres, se comportam diante de seus símbolos, “externos e internos”.

As minhas companheiras de sexo, que me desculpem, mas o meu lado masculino (muito bem enrustido, por sinal), me impele, ir a defesa destes inocentes, seres que são tão massacrados, somente por demonstrarem suas pretensões machistas, com uma eficácia por demais eufórica.

Coçam? (esfregar ou roçar com as unhas ou objeto áspero (a parte do corpo onde há coceira).
Que calúnia, que injustiça! Quem, em algum momento, não foi acometido de coceiras insanas, que atrapalham, até os pensamentos? Ta, vai rebater este argumento, dizendo que esta “enfermidade”, ocorre para, estes seres tão injustiçados, sempre na parte fálica deles, e não precisavam aliviá-la, em público! Ostensivamente! Apenas mera coincidência! Casualmente, uma particularidade
masculina. Mas também eles podem estar acariciando, o ente querido. Manuseiam, para constatar se continua no mesmo lugar, pode ter ido dar uma voltinha, sem a devida permissão do proprietário! Dizia a minha mãe; quem não cuida o tem, a pedido vem!

Um amigo meu argumentou, que quando, admira, uma mulher gostosa, ou seus pensamentos se recreiam, em detalhes picantes, eróticos, os hormônios enviam uma mensagem ao companheiro, lá de baixo, que munido de vontade própia, fica alerta, errando a direção e tropeça, em uma cueca, que está no caminho, colocando-se numa posição desconfortável, necessitando, ser ajeitado carinhosamente.
Seja lá o motivo, não podemos crucificar os nossos machões tão duramente. São tão meigos, atenciosos, românticos! Você conhece algum dessa estirpe? Dê-me o endereço?

Nós mulheres, somos dotadas de reentrâncias, cavidades, que os homens perseguem freneticamente, pra aconchegar suas preciosas saliências. A natureza foi pródiga, ao criar duas coisas que se encaixam divinamente. Claro que a criatividade do homem, vai além dessas opções. Sendo que no sexo, tudo é prazeroso, havendo, harmonia entre parceiros.

Nós fêmeas, como os machos, temos um hábito, também bastante estranho, e como tal, perfeitamente explicável: aquela calcinha, indomável, que quando nos movimentamos, vai adentrando, por caminhos proibidos, fazendo-nos até interromper nosso andar, sensual e charmoso. Ela, sózinha, não retorna ao seu devido lugar. Ali permanece, inclusa e desagradável. Por isso, temos que ajeitá-la, delicadamente ou bruscamente. Eu, não consigo nem mesmo raciocinar com coerência. Meus pensamentos ficam concentrados, neste detalhe inconveniente, desconectando-me de tudo.

Procuro, discretamente, ajeitá-la, mas, não funciona. Então, já estando à beira do desespero, olho disfarçadamente para os lados, e executo aquela “puxada básica” na maldita calcinha. Existe uma outra opção para esse desconforto: podemos adotar o famoso “fio dental” deixando ele, se embrenhar onde lhe for mais acolhedor! Eu detesto esse tipo de lingerie, muito indisciplinada!

Portanto, vamos ser mais indulgente, com nossos machões e suas penínsulas! Nossas enseadas são bem mais compreensivas, estão sempre dispostas a dar abrigo, as penínsulas, demonstrando não ser um território inóspito, e sim um abrigo aconchegante para esse intrépido inquilino.

quarta-feira, 3 de setembro de 2008


O dia seguinte

O que vou narrar aqui faz parte de um pedaço de minha vida, que me deu a essência para ser o que sou até hoje.


Esta semana estive com uma amiga, de adolescência,e também da fase adulta. Vejo-a esporadicamente, porque nossas vidas tomaram rumos opostos, e também quando a revejo, sinto-me triste e deprimida. Tem poucos anos mais que eu, mas perdeu o viço!


Certa vez, me disseram, que eu era viçosa, na ocasião não sabia o significado, fui pesquisar e ao saber, fiquei toda garbosa!


Ela tem marcas latentes, de amargura, tristeza, que se refletem, no seu olhar. O sorriso, não ultrapassa seu rosto. Encolhida, parece que vai se partir em pedaços de infelicidade. Diz-me que é feliz, mas não me convence. Teve um único amor, que perdeu, e que lamenta, até hoje, mesmo que não admita, nem pra si mesmo.


Reconheço, a imagem, da dor, do nunca mais. Já a tive, mas, não permeti, que ficasse permanente.


Ela perdeu a alegria, de viver, apenas sobrevive, arrasta-se na sua tristeza infinita. Vive só pra família, que não se importa como está, porque assim, continuam a sugá-la, tirando-lhe o direito de ser feliz. Já tentei diversas vezes, tirá-la desse estado vegetativo. Mas minha alegria de viver, não a atinge, mas sua infelicidade, a mim sim. Afasto-me, covardemente, porque não quero lhe fazer parceria, neste infortúnio.


Num ato peculiar, decidiu, perder a virgindade, na mesma ocasião que eu, talvez estimulada pela minha coragem, pelo meu desprendimento. Aos vinte e dois anos, eu ainda trazia o estigma de ser virgem, e isso me inquietava, obstruía, meus anseios.


A minha primeira vez, foi como todas , posso dizer razoável! Mas fiquei tão feliz, por me destituir daquele detalhe, que lembro de subir na cama e dançar como uma louca! O cara deve estar ainda fugindo de mim...risos.


A partir daquele momento, me senti uma mulher livre e quase completa. Casei-me, amei muito,tive uma filha, fui feliz. Hoje não tenho um relacionamento. Às vezes estou só, mas minha solidão, tem um sabor de liberdade. Não me arrependo de nada na vida! Luto pelos meus sonhos. Agarro-me a vida, com uma ânsia entorpecedora. Entrego-me ao que desejo, e se sofrer considero só mais uma etapa do meu percurso. A impulsividade é minha parceira, e sem ela não teria sido tão completa como sou.


Os homens me acham atraente. Mas não sou mais uma meninha, apesar de cometer desatinos de adolescente! Semesses desvarios ,seria vazia e sem sonhos. É a minha mola precursora, que me dá prerrogativa nos meus momentos difíceis. Não sou perfeita, nem fisicamente. As marcas que carrego, são registros das alegrias, das dores, dos medos, das angústias, de tudo que vivi. Não está registrada nenhuma amargura, nenhuma infelicidade! Passei tudo a limpo!


Hoje quero, sem nenhum medo, mesmo correndo o risco de ser “piegas”, um amor maior! Alguém que me ame, que me acolha em seus braços, quando alguma tristeza me invadir, e que faça o mesmo quando eu estiver feliz.


Quero acolher no meu regaço suas lágrimas e seus sorrisos. Quero me perder na paixão, na lascividade do desejo. E em poesias exaltar meu querer. Dizer que amo, mas com, intensidade, e ouvir o mesmo.


Quero cumplicidade. Não quero amar sozinha. Quero estar em par! Quero do amor o inócuo, o insano, o insaciável, o inesgotável, o justificável, o que arrebata e se apodera sem licença! Não quero ter as marcas da minha amiga! Quero marcas de vivência, de plenitude. Estar junto de alguém na noite, e não ter pressa de ir embora. Quero ter pressa de ficar.

segunda-feira, 1 de setembro de 2008


Ressarcimento

Nada, é reconfortante, quando me vejo a deriva da dor.
Nada me alenta, quando sei que tudo o que recolho se perde novamente.
Minha amabilidade se esvai, quando minha alma está em alvoroço,
Quando me é infligida dores que rejeito.
Nada me conforta, quando a decepção se instala, e não sei como dispor dela.
Meus anseios se encontram no deserto do meu coração
Em circunstâncias nada almejadas, e sou prisioneira de minha intolerância.
Desejo coisas, que de tão distantes, nem consigo definir.
Desatino-me, choro, no escuro do meu quarto.
E nem sei se o que perdi, valerá a pena recuperar.
Nem sei se tinha o que perdi...
Se quando me inflamei, no calor do abraço, esse abraço existiu.
Se quando beijei, a outra boca estava na minha, não lembro de a ter sentido...
Desafinei no sorriso, porque o sorrisso não chegou no meu interior.
Fraseei, quando deveria apenas gemer, sussurrar, porque pareceria frêmito.
Fui irresponsável com minha felicidade, quando me expus ao sofrimento.
E de través no desvario coloquei meus sonhos mais preciosos.
Mas em circunstâncias irrevogáveis, alarguei meus sentidos e desafiei a dor.
Bati de frente com a desesperança, blefei descaradamente com o medo.
E num segundo armazenei minhas forças, rastreei meus instintos.
E rescindindo de tudo que me atormentava, me preparei para a próxima batalha.