domingo, 27 de julho de 2008










Só Paixão


Jura secreta
( Sueli costa/Abel Silva )
Só uma coisa me entristece
O beijo de amor que eu não roubei
A jura secreta que eu não fiz
A briga de amor que eu não causei
Nada do que posso me alucina
Tanto quanto o que não fiz
Nada do quero me suprime
Não saber, ainda não quis
Só uma palavra me devora
Aquela que o meu coração não diz
Só o que me cega, o que me faz infeliz
É o brilho do olhar que não sofri
A jura secreta que não fiz
A briga de amor que eu não causei


*** *** *** *** ***

Minha paixão anda no acostamento do meu cotidiano. Meus sentidos tropeçam entre o amar e apaixonar.
Meus olhos vagueiam entre as paredes do meu quarto, perscrutadores, em busca de um rosto, um corpo, enlaçando meu próprio corpo na sensação de um abraço. Já tive muitos, suaves, fortes, inesquecíveis, convidativos, inocentes, tímidos, descompassados. Que ficaram tatuados em meu corpo. Minha boca já se peregrinou em outras bocas, degustando-se em sabores diversos, ácidos, doces. Molhou-se em salivas que sublimaram meu paladar. Bocas inquietas, incansáveis, que dançavam sobre a minha, com ritmos frenéticos. Bocas quentes, que me incendiaram, aqueceram, queimando, minha alma. Quanta, sensação de prazer, relembro, agora, tudo escondido no meu interior, tudo, marcado em traços do meu passado, dando um vislumbre do que será o meu dia seguinte, igual ao que vivi ontem, vibrante, sem limites para o prazer



Para Loba, minha amiga nas horas desvairadas e todos que quiserem também desvairar










sábado, 26 de julho de 2008

Encontro com o prazer

Domingo, uma quietude quase mística. Um silêncio quase palpável, somente uma música saindo, dos meus fones de ouvido. À minha frente, meu computador, parceiro constante, nas madrugadas frias. Um passeio pela Internet, um site interessante, um universo particular de figuras delineadas, com precisão. Às vezes, delicadas, às vezes fortes, numa magia, transcendental. Pareciam estarem dotadas de vida. Dançavam diante de meus olhos, numa profusão, de cores e traços, que me empurravam de encontro a parede. No começo me intimidando, depois me encantando, me amolecendo os sentidos, me puxando, pra baixo, me deixando indefesa diante de tanta perfeição, tanta beleza. No momento seguinte, sussurravam, no meu ouvido segredos, intimidades,sonhos, utopias distantes. Vi-me, cúmplice, de tanta magia, de tanta emoção. As bocas se mexiam lentamente, num enlevo, os braços me evolviam docemente, os corpos dançavam uma música num embalo suave. Tudo parecia estar ao meu lado, a minha frente, as minhas costas, me enlaçando na beleza etérea, fulgás, num baile, místico, pueril. Tudo contido num sonho translúcido. Num circo mágico, num ato de primeira grandeza. Então o espetáculo terminou! Acordei, com a luz da tela do computador, a me ferir os olhos. Voltei os olhos, para o nome do site, anotei, e senti, que o momento mágico, não estava findo. Faltava um desenlace meu. Escrevi, um e-mail, tentando, atrair com minhas palavras, uma resposta. Como tenho uma atração por esses caracteres, pretinhos, tinha certeza, que haveria uma resposta. Mas não muita certeza. No dia seguinte ao abrir, minha caixa de entrada de e-mails, ali estava o que eu esperava, em negrito o nome dele, pequeno, mas forte. Gentil, envolvente, me pedindo algo que me foi quase impossível atender. Mas recolhi toda a minha coragem, bem pouca por sinal, e temerosa, covarde, tímida, atendi o pedido, sem nenhuma pretensão, talvez no fundo, bem no fundo do meu interior, me interessasse, a pessoa, e não o que ele representava. A cada resposta dos meus e-mails, eu me via sendo puxada para uma aventura estranha, mas atraente. Não esperava tanto, nem mesmo um convite para uma conversa virtual. Deixei de lado, custei a retornar, a aceitar. Mas minha impulsividade venceu minha indiferença e aceitei, apenas por fazê-lo. Sem espera de nada especial. Mero engano! Na mesma hora veio a, resposta, essa que me fez retroceder, tremer, titubear, como uma tímida adolescente. Iniciamos, uma conversa virtual, cheia de nervosismos, formalidades intocáveis, mas que não se estendeu muito. Surgiram as brincadeiras, os jogos de palavras e junto foi se aproximando a descontração e com ela, a sedução, sorrateira, mansa com nuances de uma atração mútua, me dando a sensação de um prazer incontido. Foi-se, a tarde, iniciou-se a noite, e lá estávamos a nos enamorar. No entremeio algumas confusões da tecnologia, eu ouvia a sua voz, macia, como um sussurro suspenso no meu prazer, o sorriso contido, baixo, como uma carícia. Eu o ouvia, mas ele, a mim não, ficou faltando um pedaço, que espero completar na próxima vez. Com a noite apareceu a lascividade, o prazer meteórico, subi na sedução, e ensaiei vôos, perigosos, mas sedutores, incendeando meu corpo, guiando minhas mãos, meus segredos mais escondidos. Me desnudei, tirei minha fantasia de alguém moderado, e enlouqueci, de tesão.Despi-me dos preconceitos e só quis ser mulher, fêmea no cio, engatinhando nas carícias, nas mãos, que sentia me acariciar, na boca que engolia a minha, e salivava, junto, quente, úmida. Quase sentia seu corpo enrolando o meu, dando voltas, me deixando tonta, como se estivesse embriagada, me descondensando, me enlouquecendo de tesão. Trocamos fotos ousadas, numa aventura sensual. Após horas, já não me era mais estranho, distante da imagem que ele representava e ainda representa. Me, era íntimo, um amante encantador, sedutor, inebriante. Quando ele ler isso, saberá de quem estou falando, e se sentirá acariciado e vai querer me dizer e se sentiu da mesma forma. A distancia é grande, mas o prazer nos remete ao mesmo espaço.



Enlouqueci nas tuas palavras
fundi-me no teu prazer
entrei, na tua boca, invadindo
saqueaste minhas entranhas
afagando meu sexo e,
me jogando, no meu gozo úmido


Pra você que me encantou e me seduziu


quarta-feira, 23 de julho de 2008




Amor ou paixão:
Eis a questão
!


Como me propus a falar de assuntos mais light,vou falar dos bichos que habitam meu universo (dizer litgh, é algo bem contraditório ), mas nada na vida é coerente.Tenho quatro gatos, que fazem parte da família. São participantes ativos ( quando não estão dormindo, ou seja a maior parte do tempo ), transitam livremente pela casa, adoram dormir nas camas e sofás, ou em cima de móveis, como se fossem adornos de pelúcia. Gatos são extremamente independentes, gostam de você ou não. E não resolve tentar conquistá-los, quando se tenta fazer isso, nos lançam um olhar indiferente, como a perguntar: quem é você, cara-pálida? Com eles não tem ordens ou pedidos, tipo: deita, senta, rola! Se fizermos isso o máximo que vamos ter de resposta, é uma mera piscadela, e a resposta silenciosa como que dizendo: porque vou fazer essas coisas ridículas? Não sou um cão idiota? Por falar em cães, tenho também quatro, esses não transitam livremente pela casa, em conseqüência das bagunças que promovem, a não ser quando minha filha abre uma exceção e os convida a participar do nosso convívio, o que não dura muito, porque me estressa bem rápido e então os coloco no seu devido lugar: a rua! Estão me achando malvada com os cães. Não adoro-os, comem da melhor ração canina, tomam banho regularmente, são felizes e demonstram isso a todo momento, apenas são mais bagunceiros que os felinos. Voltando a eles, convivem amistosamente com os cães, a não ser por raras exceções, quando uma cadelinha, novata no pedaço, resolve persegui-los e incomodá-los. Uma tentativa inútil, já que nada os atinge, e se isso acontecer uma boa unhada resolve. Tenho um preto que é o preferido. Tem um andar, balançado, como se rebolasse, um olhar penetrante, que quando me fixa parece querer desnudar minha alma, (nessas horas me intimida), adora se alojar sobre nosso corpo, ronronar satisfeito e dormir plácidamente, e quando nos mexemos, ele logo troca de lugar, como se reclamasse que não paramos quietos. Seu nome é Dudu. Todos, possuem,nome, mas certamente não atendem quando os chamamos, é pura perda de tempo. O Dudu, negro é gordo, porque é castrado. Uma covardia castrá-los, mas aumenta o seu tempo de vida, já que vão pouco à rua na busca de paixões desenfreadas, evitando assim a luta pela posse com outros machos. Resumindo, nada de sexo livre, e como gatos não são dados a satisfações solitárias, acredito que sejam um pouco frustrados, mas ficam vivos mais tempo. Os felinos por serem tão independentes, costumam provocar sentimentos fortes, e contraditórios, provocam constantemente polêmicas e até nisso diferenciam dos cães. Você já viu alguém não gostar de um cão. Os gatos despertam sentimentos opostos e fortes. Outro detalhe: nada mais carinhoso do que chamar alguém que se gosta de “gata ou gato”. Já chamar de “cachorro ou cachorra” já sugere uma ofensa. Até mesmo quem detesta os felinos, usa essa expressão carinhosa. Estranho, não? Eles são únicos e estranhos. São silenciosos, a não ser quando estão praticando sexo! Mas o ser humano nesses momentos, também são adeptos de gritos, gemidos, palavras desconexas, faz parte do jogo da sedução. Os gatos, são dotados de personalidade forte, possessivos e ao contrário do que dizem, são extremamente fiéis, você não conquista um gato pela boca, porque ele come, e se tiver que te deixar, ele faz, sem remorso algum. Mas, se de você gostar, ao teu lado sempre vai tê-lo, mesmo não alimentando-o. Ele vai a caça da comida e volta tranqüilamente. Para gatos há uma regra básica: ame-os ou deixe-os. Nós aqui os amamos e por eles somos amadas.
Obs: O Gato da foto, é o malandro Dudu.

segunda-feira, 21 de julho de 2008




Entre a calmaria e a tempestade

Um mês confuso

“Que me importa a minoria, se a minha alegria é a maio

ria.”


Tenho passado, neste mês, um período recheado de situações agradáveis, e em outros momentos de fatos que, me deixam apreensiva. Mas isso é um detalhe corriqueiro em minha vida.Tenho tendência a me desesperar como uma desvairada, diante de fatos que não me agradam, para logo após chegar a conclusão, que nada pode ser tão ruim quanto parece. Talvez seja uma característica de minha personalidade. E tenho que reconhecer que isso me ajuda no meu dia a dia. É como se uma planta estivesse quase se extinguindo, aí se rega e ela se levanta rapidinho. É claro que às vezes tenho que ser regada constantemente, mas é um esforço mínimo diante do fato de enfrentar uma adversidade grande. Preciso sempre, é ter bastante água por perto e um lugar fresquinho pra arejar. Percebi que tenho falado ultimamente em assuntos tensos, fortes. Sei que fizeram parte de um período, em que tudo se encaixava, onde era pertinente, mas resolvi descontrair! Porque ninguém é de ferro! Colocar pra fora, minha alegria, minha intensidade para viver, meu lado moleque, meu lado criança, pode parecer inconseqüente, mas se não expor agora tudo isso, tenho o risco de me tornar rabugenta, amargurada, e então vou ter receio de acordar todos os dias. Já pensei até em dormir, tipo dois dias seguidos, pra tentar afugentar as coisas chatas que estão me incomodando, mas concluí, que se dormir muito assim, vou perder um tempo precioso de viver e posso até deixar passar alguma alegria em branco. Então decidi não arriscar. Nestes últimos dias chequei até esquecer de exercer minha paixão, meu lado mulher "exuberante", sem pouca modéstia, mesmo porque é só um “estado de espírito”, nada tão grandioso. Esqueci até mesmo de praticar minha sensualidade, de falar de amor, paixão, essas preciosidades do ser humano, que me impulsionam sempre uns dez passos à frente de mim. Mas nunca é tarde, basta, recuperar o entusiasmo, o tesão, que estava escondido, mas não extraviado. Basta misturar tudo muito bem, me travestir de vivacidade e alegria, e assim exercer o livre direito de ser feliz. Algo que não requer muito esforço e só aquece a alma. Vou novamente à luta e à vida, saboreando cada segundo!


Alcancei a paixão
no abraço, na boca, que me esperava
fugi da desesperança
na carícia quase desfeita
perdi-me no desamor
pra me refugiar no desejo
enlouqueci na sofreguidão
e me acalmei na harmonia do querer bem

e onde fui menina hoje sou mulher.









sábado, 19 de julho de 2008

De dentro para fora

Quase que diariamente, meus passos me guiam ao mesmo lugar. Entro devagar, o cheiro me deixa entorpecida, tonta. Aspiro com força, o cheiro entra nos meus pulmões, no meu interior, preenchendo cada vazio. Delicio-me, saboreio

com sofreguidão. Devagar me dirijo até os tubos de tintas, manuseio-os com carinho. Várias tonalidades de cores se misturam diante de meus olhos, numa profusão de emoções. Sinto-me como drogada, diante da entrada do paraíso. O caminho sem volta! Diante dos meus olhos, se formam imagens frenéticas, de rabiscos, traços multicoloridos, que fogem da tela, numa corrida louca, logo após retornam se envolvendo aos outros traços, formando figuras imaginárias, desconexas, traços que se abraçam e se soltam em seguida, cores fortes contornam, preenchem vazios, outras suaves, esmaecidas, tons pastéis, como que acalmando meu interior descontrolado. Então, aos poucos, retrocedo, largo os tubos, como se queimassem minhas mãos. Começo a suar frio, escondo minhas mãos, nas costas, e o medo retrógrado, me ataca sem piedade, me invadindo, me tomando como uma violação, uma invasão descontrolada. Não entendo o turbilhão de emoções que sinto. Não encontro nenhum sentido, para tanto receio. Chega a vir em forma de dor. Saio rápido da loja, como se mil demônios me perseguissem. Saio, mas não vou longe. Perto tem uma praça, sento no banco. O ar puro parece me acalmar, respiro fundo, me recompondo lentamente. Busco respostas. Nada encontro. Só dúvidas, anseios. Chego à beira de me desesperar. Parece que dentro de mim habita um monstro que me deixa sem forças. Só sei que tenho que expurgar ele , tenho que separar o anjo do demônio. Tenho de expor minha criatividade. Permitir que a arte que corre em minhas veias, viajem para minhas mãos, e assim os rabiscos, as figuras se transportem de dentro de mim para as telas. E vou então vencer essa guerra, sem inimigos. O único inimigo sou eu, na forma do medo que vem de dentro de mim e alcança os meus sentidos. Será uma dura batalha, mas que vai valer a pena quando vence-la.

terça-feira, 15 de julho de 2008


Passeando pelos cantos do encanto



Quando eu crescer, quero ser e fazer tudo o que me apetecer.
Vou tomar banho de chuva, e depois esperar pelo sol pra me secar.
Vou pintar minha boca de batom carmim, calçar sapatos de saltos.
Vestir um vestido vermelho, justo e com um decote que revele até meu mais profundo interior. Sentir-me glamurosa, e chamar a atenção dos homens e despertar a inveja das mulheres, a mais ferrenha inveja.
Quando eu crescer, vou dançar com meu amor, bem coladinha ao som,
da música “How deep your love, dos Bee Gees”. Vou me apaixonar perdidamente, para em seguida desapaixonar, chorar, me despedaçar de dor, para no dia seguinte novamente me apaixonar. Então na próxima paixão, vou dançar sensualmente pra ele “Stand by me” de John Lennon,
e assim deixar minha marca indelével em sua lembrança. Vou também,
sonhar de olhos abertos, e imaginar que sou eternamente uma jovenzinha, carregada de anseios, e que minha boca ainda beijará outras bocas, e que meu corpo será de quem eu amar, de quem eu quiser, sem ter que me despojar dos meus sonhos. Quando eu crescer, vou querer me tingir de vermelho, rabiscar palavras encantadoras, impregnadas de paixão, como
a Loba, e assim deixar todos enlevados de puro prazer. Vou querer me debruçar na “Janela do Zeca”, e dali como ele observar a vida e falar dela, com a suavidade e seriedade, proporcionado assim um deleite total.
Vou querer também me esconder na “Toca do Jens”, e compartilhar sua inteligência e picardia, que envolve todos que o lêem. Vou querer rabiscar, em “Prosa e Verso”, palavras verdadeiras e cheias de sentimentos, como o Miguel faz. Vou também fugir para o “Refúgio” da Sandra e ali ficar ouvindo suas poesias cruas, belas, que falam da sensualidade, com grande primazia.Vou lançar meu olhar, no jornal do Jota Effe e dali ficar investigando e descrevendo a vida, com a precisão do Jota. Em tantos outros talentos, vou querer estar. Não mencionei os outros, por que ainda os estou descobrindo. Quando crescer vou querer virar o mundo de ponta cabeça, virar a vida do avesso, desvendar todos os mistérios, dançar todas as danças, cantar todas as músicas, guardar muitos segredos, ouvir todos os sons, falar todas as palavras, calar todas as mentiras, abraçar todos os corpos, chorar todas as lágrimas, sorrir todos os sorrisos, amar todos que quiserem ser amados, e até os que não aceitarem meu amor! Quando eu crescer? Pra que esperar tanto? Vou fazer hoje, agora!

sábado, 12 de julho de 2008


Dançando no destino

04h13min
Uma madrugada como outras tantas. Aparentemente.
Um número errado discado no meu celular alterou a rotina.
Uma voz sonolenta se fez ouvir.
Palavras quase inconvenientes, minhas, levando-me ao constrangimento total.
Fez-se necessária uma mensagem de desculpas e esclarecimentos:


“Peço desculpas pela brincadeira, não foi intencional, errei um número ao discar. Desculpa, estou morta de vergonha!”
04h54min cinco de julho madrugada de um sábado


A tentativa de reparo foi feita, dignidade restabelecida. Afinal isso acontece às vezes. Nada de tão grave. Próximo passo, retornar ao sono e esquecer. Esse era meu objetivo imediato. Dormir como um anjinho e acordar lépida e faceira.
Pela manhã, o sinal de mensagem do celular me acordou. A mensagem dançou diante dos meus olhos, um pouco, inesperada:


“Imagina! Se eu não estivesse morto de sono teríamos conversado mais, mas no estado em que eu estava só me dei por mim agora. Bj”.
07h04min cinco de julho manhã de sábado



O interesse despertou como um raio, rápido. As palavras quase pessoais, precisas, mas informais. O beijo no final, interessante, carinhoso. Dentro de mim, acendeu-se a curiosidade, o desejo de receber mais palavras. Um desejo confesso, intencional, dirigido, específico. O jeito de prolongar o contato seria então responder a mensagem. E assim fiz:


“Ta ok. Espero não ter te causado mais nenhum transtorno, além de ter atrapalhado teu sono. Mas ainda estou constrangida, he inevitável. Bjos tb”.
07: 20 5 de julho manhã de sábado


Palavras de aparência inocentes, mas induzindo uma possível e esperada resposta. Quietinha, esperei com uma pequena pitada de ansiedade, o retorno. E ele veio, como uma carícia leve, despretensiosa, mas insinuante. Meu interior incendiou-se, frenético, ficou pulsante, ondulado:



“Não fique constrangida, só perdi o sono e agora estou curioso pra saber quem é vc. Na hora nem raciocinei direito, mas estou curioso. Bjs”.
10h55min cinco de julho, manhã de sábado.


Primeiro detalhe: foram beijos, mais de um, com uma pontinha de carinho. As palavras escritas com precisão me agradaram, com um conteúdo pessoal, com um desejo, nas entrelinhas escondido. A sedução estava lançada! Pra continuar o jogo sedutor a resposta minha foi enviada, rápida, ansiosa:

“Eu sou a... E não tenho o hábito de dizer coisas inconvenientes na madrugada. E vc? Tua voz he muito agradável! Ah, sou muita atrapalhada!”
11h11min cinco de julho manhã de sábado


Era preciso manter o interesse, desencadear a continuidade do jogo, da brincadeira. Estava sedutor, delicioso.

“Prazer conhece-la. Meu nome é... Não lembro o que disseste na madrugada, mas gostei do teu tom de voz e estou gostando de estar te conhecendo. É de fato um prazer. Beijos”.
11h26min cinco de julho manhã de sábado


Bingo!
A dança da sedução começava sorrateira, encantadora. Era só responder e continuar o prazer:

Prazer tb! Ainda bem que vc não lembra! Tenho mais sorte que juízo. Tb estou gostando de te conhecer, apesar de ser desse jeito tão peculiar. Bjos”.
11h30min cinco de julho manhã de sábado “


Então veio a resposta atraente, cativante com entremeios de prazeres contidos:

“São tantas as maneiras de pessoas se conhecerem. A maneira como estamos nos conhecendo é especial. Ninguém manda msg depois de ter ligado errado pra outra pessoa. Prova que vc é especial, em breve te ligarei, posso? Bjos”.
11h45min cinco de julho manhã de um sábado encantador, prazeroso, cheio de promessas envolventes e segredos sedutores.

Logo após ele ligou, conversamos, rimos e combinamos não encerrar o conhecimento. Até esse momento, nos comunicamos por mensagens de celular. As mensagens dele surgem inesperadamente. Já estão carregadas de conquista, palavras íntimas, carinhosas, com um desejo implícito e às vezes explícito, ousado. Deixa-me feliz, acariciada com palavras, com beijos demorados, mãos que parecem deslizar pelo meu corpo numa promessa de muita sedução. Espero ansiosa, suas mensagens e aos poucos estamos nos conhecendo. Não vi sua foto, nem ele a minha, mas isso não parece essencial. As palavras preenchem o que o visual deixa em branco. Estamos dançando docemente, apaixonadamente, no enlevo das palavras, na magia do inusitado, na cumplicidade do acaso.

quarta-feira, 9 de julho de 2008




Anjos sem asas


Hoje acordei. Como sempre acordo, de bem com a vida, em paz comigo mesma, mas ao ler o jornal local, tudo mudou. Meu coração se fez pequeno, me senti covarde, impotente. Percebi que todo dia fechamos as portas de nossas casas e de nosso comprometimento, para a realidade, feia triste, que nos cerca diariamente. Fazemos de conta que os milhares de meninas e meninos que nos rodeiam, vive um conto de fadas. Que o dia a dia deles, se assemelha aos de nossos filhos, que estão sempre protegidos, no nosso Pátrio Poder, no nosso amor. Ignoramos deliberadamente, que a cada segundo, um menino morre ou mata pelas drogas. Que nesse mesmo segundo, uma menina se prostitui, deixa seu corpo invadir, por um vil indivíduo que contribui miseravelmente para essa estatística crescer. Permanecemos guarnecidos de ilusão, e escondemos de nós mesmos, que crianças, anjos desprotegidos, ficam a mercê das retaliações a que são submetidos a todo instante. Às vezes fingimos que nos preocupamos, mas tudo não passa de mera aparência. Não deixamos tal sentimento chegar ao nosso coração. Ele fica na superfície de nossa existência, e logo retornamos, à nossa vidinha tranqüila, onde nada nos atinge. A hipocrisia das falsas batalhas que muitos pregam em nome dos bons costumes, se faz presente. Deixamos para amanhã a tentativa de fazer algo, pelos anjos destruídos e esquecidos, que esperam que a realidade deles se modifique. Que passem a ser crianças novamente, que as drogas sejam trocadas por brinquedos e que, sua mutilação constante, seja trocada por brincadeiras de criança. Faço infelizmente parte deste contingente, alienado que dorme todo o dia feliz e acorda da mesma forma. Escondi minha consciência no meu medo de que minha vida seja abalada, pela realidade, para qual fecho meus olhos e meu coração. Fecho á sete cadeados minha casa, para não ser perturbada com essas mazelas da vida. Fecho minha boca, quando deveria gritar, protestar para isso mudar. Fecho minhas mãos quando deveria estendê-las para os corpos pequenos e frágeis que se despedaçam todos os dias. Fecho meus sentimentos e assim afasto o perigo que penso que esses anjos representam. Fecho minha vida, e finjo ser feliz todos os dias, mascarando que tudo é cor de rosa e que o arco-íris fica na próxima esquina.
E quando faço isso inevitavélmente, fecho todas as esperanças de todo anjo que vai ser despedaçado e esmagado pela minha indiferença. E assim a cada instante um anjo vai perder as suas asas e bem ao meu lado.








Série Especial
A pedra avança sobre a infância
A epidemia do crack

O crack se aninhou entre os brinquedos e os personagens de desenho animado que enfeitam a ala infantil do Hospital Psiquiátrico São Pedro, na Capital. A maioria das crianças internadas nos 10 leitos do serviço, especializado em menores de 12 anos, é de viciados na pedra. Há dois anos, a droga respondia por 10% das internações infantis. O índice já passa de 60% - o equivalente a mais de 70 crianças atendidas ao ano.O São Pedro virou termômetro do avanço do crack sobre a infância gaúcha. Na semana passada, a instituição recebia pela segunda vez um dependente de oito anos, que costumava ganhar droga da mãe quando reclamava de fome. A primeira internação dele havia sido aos sete. Outro paciente, de 11 anos, estava na quinta internação desde 2005 e exibia um histórico de roubos e fugas de albergues para perseguir a pedra. O processo acelerado de infantilização do crack assombra conselheiros tutelares, profissionais da saúde e autoridades da segurança pública.- O crack tem uma capacidade destruidora enorme em qualquer pessoa, mas em uma criança ele é uma catástrofe. O que testemunhamos me faz temer pelo futuro dessa geração - alerta Jacinto Saint Pastous Godoy, diretor da Clínica São José.Os danos neurológicos são severos quando o crack age sobre um organismo em formação. No caso de um morador de Bento Gonçalves que começou a fumar aos oito anos e hoje tem 17, os efeitos se traduziram na perda da capacidade de articular palavras e na lentidão extrema da fala.- Fiquei muito seqüelado. Tenho um problema na cabeça que não me deixa aprender. Nem ler eu sei - conta, sílaba por sílaba.A queda no vício arrasa com a infância. No São Pedro, no quarto guarnecido por uma cortina enfeitada com cães, uma menina de 11 anos da zona sul da Capital precisa esconder o rosto na blusa para encontrar coragem de falar sobre a droga.- Um amigo ofereceu, e fumei com 10 anos. Quem usa não pensa em outra coisa. Vendi roupa minha para comprar - diz ela, filha de papeleiros, com sete irmãos e três internações num ano.Em uma sala ao lado, excitado com os brinquedos na estante, do qual não afasta os olhos, um menino de sete anos garante que nunca fumou, depois que foi só uma vez e afinal reconhece o uso:- Não gosto de pedra, porque morre na hora.Ele vivia na rua com a mãe, também usuária e procurada por tráfico, segundo os registros do hospital. Contou que experimentou a pedra pelas mãos de um amigo de 11 anos que conheceu na rua e a quem acabou reencontrando na ala infantil do São Pedro. O mais velho foi internado por ter sido apanhado usando e vendendo crack. Estava habituado a presenciar a mãe fumando.- Depois que a pessoa usa crack pela primeira vez, tenta parar, mas não consegue. Ele vai direto para o cérebro - relata a criança de 11 anos.Famílias esfareladas como a dos dois amigos são a rotina no setor infantil do São Pedro. A técnica em enfermagem Patrícia Barata Moraes conta que os pequenos dependentes chegam agressivos e desnutridos, mas mudam rápido:- Depois de duas semanas, viram crianças de novo. Não querem mais ir embora. Aqui tem comida, carinho, adulto cuidando deles e limites, coisas que eles nunca tiveram em casa.É nos bairros de periferia que as crianças do crack estão sendo produzidas em série. A pedra é o motor que, aos 10 anos, pôs fim antecipado à infância de um menino de uma vila miserável da zona norte da Capital e transformou-o em um problema social de perspectivas sombrias. Ele vem de uma família de 10 irmãos. A mãe é papeleira. O pai está preso por tentar estuprar uma das filhas.- Dei um pega só e não consegui mais parar. Comecei a roubar, mas só de burguês. Entrava nas casas e levava tudo. Enriqueci o patrão (o traficante) enquanto me afundava - constata.O menino tem o rosto deformado por uma surra. Em três anos sob o domínio do crack, varou semanas na rua, deixou a escola, foi pedinte, furtou e viu um amigo dependente ser morto a tiros. Saiu das ruas três meses atrás, quando furtou uma máquina de lavagem de carros. Na loucura da necessidade, voltou horas depois ao lava-jato. Foi apreendido pela polícia e internado. Agora, sonha:- Quero fazer tratamento, chegar à minha casa, sentar e conversar direitinho com a minha família.( itamar.melo@zerohora.com.br )( patricia.rocha@zerohora.com.br )


































































sexta-feira, 4 de julho de 2008


Cantiga de ninar


Quando escuto, o barulho do portão de casa, meu coração sempre se enche de alegria incontestável. Percebo que sou fragmentos de sensações e sentimentos que nesse momento se agrupam e passam a preencher lacunas em minha vida. Sua presença às vezes quieta sua personalidade forte, seu jeito contestador, me mostra que nem sempre estou em sintonia com ela, mas sinto que vários vazios, em meu ser se sentem ocupados com seu amor por mim. E isto me deixa em estado de graça permanente. Sua fiel alegria esfuziante, seu sorriso franco, me faz deslizar por entre sua vontade de viver e sua alegria. Meu peito aperta triste quando discutimos, discordamos em algo, mas sei que isto é passageiro e a harmonia logo retorna. Por outro lado, meu peito, estufa, quase arrebenta de orgulho, pelas suas conquistas. E são muitas! Quando a insegurança a ataca, eu tento racionalmente, orienta-la, mas nem sempre consigo, porque, o sentimento sempre, se sobrepõe à lógica. E assim sendo não sou de muita ajuda, mas tento. Quando sofre, sofro junto e gostaria de ser uma dessas heroínas de ficção, para resgatá-la dos perigos. Mas sei que a vida se mostra real e esses perigos, são obstáculos que ela vencerá com coragem e determinação. Eu só posso ficar torcendo para que tudo termine bem. A cada dia eu a amo cada vez mais. E assim será até eu não estar mais junto dela. Sei que sou muito amada e isso me faz completa, uma pessoa melhor. Gostaria neste momento, deita-la no meu colo, cantarolar baixinhos versos de ninar e dizer: amo-te muito, minha filha adorada!


Para minha filha, que veio a este mundo pra me fazer feliz e completa
.

quinta-feira, 3 de julho de 2008

São Bill Gates, Help!!


Tocar tambores, sinais de fumaça, código Morse.


Estou à deriva, ilhada, isolada do mundo, sem comunicação, a não ser um celular, não muito dotado de recursos tecnológicos. Num complô organizado pela companhia telefônica, decidiram que as linhas de telefone fixo não me serão fornecidas. Decorrente desse boicote armado, estou sem telefone (não posso nem namorar, só por celular, o que vai me deixar, e o meu namorado também, na mais completa penúria). Onde anda a sensibilidade dessa empresa, que boicota até o amor? Num gesto desesperado, resolvi fazer uma promessa a São Bill Gates (sim, fui obrigada a canonizá-lo), na esperança de que ele possa atender as súplicas desta desnorteada, (é assim que me sinto, quando estou offline). Já estou entrando na fase de descontrole total, me sinto abobalhada, um pouco, ou muito, fora do meu eixo. Pressinto que a crise de abstinência está se aproximando. Não quero me abster. Quero estar sempre chapada virtualmente. Quero internet na veia direto! Quero viajar, pirar nela, sem precisar me desintoxicar. Quero uma overdose, e das boas! As Lans tornaram-se o meu segundo lar. Minha amiga, Estrela, é proprietária de uma (esclareço: não é conveniência, apenas mera coincidência), mas quem sabe ela não me forneça a chave do estabelecimento, para o meu livre acesso. Seria uma grande prova de amizade! Depois de pedir fervorosamente para o São Bill Gates, o padroeiro da informática, apelo de joelhos, para a classe blogueira (tá, sei que não sou uma das melhores, mas estou me esforçando, e se não sou muito boa, ao menos não incomodo ninguém, só quero continuar a escrever minhas postagens modestas sem grandes pretensões literárias), que me socorram deste martírio, que parece sem fim. Aceito, um Laptop, simples, não precisa ser de marca (mas também não Made em China), um 3G (uma banda larga) ou mesmo alguém que conheça um diretor, presidente, da empresa de telefonia daqui, pra interceder por mim e me instalar essa maldita linha de telefone fixo! Por favor, em nome dos órfãos da internet, me concedam essa pequena regalia. Prometo me comportar e mencionar via internet o nome dos meus benfeitores. Se por acaso não poderem me estender a mão (nem custa muito, tudo a preços módicos), enviem esse texto a todos amantes dessa deliciosa e inebriante tecnologia!
Não deixem uma pobre e desesperada internauta enlouquecer! Agradeço emocionada. E quando for para o céu, mencionarei a generosidade de vocês.


Uma humilde amante da internet, nos seus piores momentos!