segunda-feira, 30 de março de 2009



Uma vez



O avião não chegara à tempo!
O destino estava escrito ao contrário mais uma vez.
Eram quatorze horas, de uma tarde sombria, nublada.
O cheiro forte de terra molhada, já se fazia sentir,anunciando chuva
Entre as árvores, os ombros curvados pela dor,ela mantinha-se longe do séquito, que percorria lentamente as alamedas do cemintério.
O silêncio perene era só quebrado pelo farfalhar dos passos
por sobre as folhas secas no chão.
O brilho dele silenciava todo som. Mesmo sua dor era silenciosa. Cortante como uma navalha, que rasga a carne em silêncio.
O espinho da rosa carmim, feriu sua mão. Ela não sentiu...
Parte de sua vida estava sendo carregada, por mãos que não eram suas...
Nem isso lhe fora dado. A dádiva de acompanha-lo no seu último caminho.
A chuva veio mansa, ficando intensa em poucos minutos.
Confudindo-se com suas lágrimas. Disfarçando sua dor.
Demorara tanto a ver o homem que modificara sua vida, e agora pisava o mesmo solo dele.
Seus pés estavam ali, no solo. Os dele não.
A visão do cortejo sumia-se no horizonte, diante de seus olhos.
Até sumir totalmente.
Fora breve, fugaz, como uma tênue linha entre a realidade e o sonho.
Fora breve, mas estivera com ele. Uma única vez juntos.
Beti Timm

sexta-feira, 27 de março de 2009


Homem ternura






Dizem que na terra, os anjos andam ao nosso lado, mas incógnitos. Às vezes acredito que não, porquê conheço, bem de pertinho um desses anjos. Estou distante dele, em metafísica mas sendo um anjo a proximidade se torna possível e quase palpável. É um anjo amigo, companheiro, infinitamente transbordante de carinho e querer bem. Parece ter vários braços, além de suas asas inquebrantáveis, pois os estende em todas direções, à todos, sem distinção alguma. Sua voz, apesar de não ainda tê-la ouvido, tenho a nítida impressão de escutá-la em todos os cantinhos da blogsfera. Uma voz inundada de palavras meigas, bem humoradas, gentis, sempre com uma conotação de carinho, de amor. Nunca li dele uma palavra rude! Parece estar sempre afastando, galantemente a cadeira para uma dama. Sim, ele é galante, educado, mas não faz disto uma bandeira. É natural nele como respirar. Ser carinhoso, flui dele, espontaneamente, como uma brisa suave.

Conheci esse anjo, disfarçado de homem, como de praxe: fui ao seu blog, li uma história de vida, que impressionou-me. Senti-me intimidada para comentar, mas o texto e a qualidade das palavras, emocionaram-me e corajosamente o fiz. Logo após pensei: ele nem vai me dar bola, nem responder meu comentário! Entretanto no outro dia lá estava sua resposta, em palavras gentis e carinhosas. Fiquei encantada e aquela janela foi a minha passagem para conhecer mais de perto um homem maravilhoso, e que foi responsável indireta e diretamente, por tudo que eu realizei e tudo o que sou hoje, não muito, mas o suficiente para ser feliz.

Ele trabalha em meio a arte arte, passa os seus dias, envolvido, de mãos dadas com o belo, com o encantador, em uma cidade paradisíaca , mística, como ele, mas também real! Está no lugar certo, ou seja, no paraíso, onde todo anjo deve estar.

Posso dizer seguramente que conhecê-lo, foi a melhor coisa que me aconteceu na vida, e tê-lo ao meu lado, mesmo sendo num mundo virtual é uma dádiva imensurável Hoje este anjo-homem, está de aniversário e à ele rendo minha mais profunda homenagem e tenho certeza, faço desta homenagem a voz de todos os que o conhecem!
E lhe digo, meu doce anjo, que estar ao seu lado e debaixo de suas asas, me torna melhor, me torna, mais completa, porquê receber a ternura de um homem incrível, como você, e ser sua amiga é algo inexplicável, mesmo porquê amor e ternura não se explica, apenas se sente

Toda a felicidade do mundo pra você, Zeca, mesmo sabendo que ela é pouca, pois mereces muito mais!
Adoro-te, te quero muito bem, meu marchand do coração!

quinta-feira, 19 de março de 2009



BB
Beti babysitter


Recuperava-me a passos lentos, mas firmes, de uma Síndrome do Pânico, que me acompanhou por um longo ano. Minhas saídas à rua eram tímidas, devido ao medo de ser acometida por crises inesperadas. Mesmo esparsas às vezes ocorriam. Minha filha me chamava de “paniqueira” carinhosamente e isso amenizava um pouco minhas ansiedades.
Em uma dessas incursões, fui a uma maternidade, visitar uma grande amiga, cujo filho tinha nascido. O nenê, um menininho lindinho, agraciado com uma abundante cabeleira, com sobrancelhas, incrivelmente cerradas pra um bebezinho, o que chamava muito a atenção.
Durante minha visita, ele mostrou-me o quanto seria esperto, ao dar um jato de xixi, no pai que o trocava. Passado algum tempo, minha amiga fez-me a inusitada proposta para cuidar do Gui (Guilherme). Titubiei, por estar há tanto tempo sem ter um contato direto com um nenê (minha filha na época tinha dezenove anos) e recém saída de uma enfermidade que muito me abalou. Minha amiga contrapôs, argumentando, que ser mãe é instintivo, nunca se esquece.
Pensei que ela não estava em suas faculdades mentais perfeitas (fato esse nada impossível em se tratando de uma mulher extrovertida e dinâmica, mas um tanto que impulsiva, assim como eu), mas acabei aceitando.

E o primeiro dia chegou! Dadas as devidas instruções, ela simplesmente escafedeu-se! E ali fiquei, eu e o Gui, sózinhos e desamparados, por uma mãe desnaturada, mas que com certeza, confiava em mim. Olhei-o, tão pequenino, indefeso, mas quando percebi os olhinhos dele me observando, desconfiei que ele não era tão indefeso como aparentava. Intimidei-me e pensei: isso não vai dar certo! Mas deu! Com o passar do tempo, fomos nos adaptando um ao outro e nasceu um forte elo. Passamos a ser inseparáveis, e sua presença tornou-se parte de mim. Lu, só ligava uma fez ao dia, para saber como tudo estava, não mais que isso, me passando então confiança. Deu-me também a liberdade de sair com ele onde quisesse, e saíamos muito, à todos os lugares, tanto que ele aprendeu a andar de ônibus comigo, já que andava só de carro com os pais. Éramos uma dupla e tanto!Na idade de três anos, quando eu chegava pela manhã a casa dele, estava acordado, mas deitado na cama da mãe, batia no espaço ao seu lado e dizia: deita Beti! Como era inverno me aconchegava ao seu lado e dormíamos, com ele sempre cuidando, me espiando, para ver se eu estava realmente dormindo. A Lu chegava na hora do almoço e ria muito, ao nos ver deitados, cobertos e vendo tv. Quando tinha sol, sentávamos na escada do condomínio, ele ao meu lado, como um homenzinho, ao lado de sua amiga e parceira. Guardo com carinho essa imagem que me emocionava muito. Quando perdia minha lente de contato,( coisa corriqueira) ele sabiamente me acalmava e passava a procurar a lente, achando-a e me entregando com o maior cuidado.

Eu e o meu adorado Gui


Tudo sempre transcorria tranqüilo, a não ser quando o irmão mais velho, de sete anos, ficava conosco, aí tudo se complicava, devido as traquinagens criativas dele. Brigava com ele, mas após as brigas ele me amolecia o coração quando perguntava se eu ainda o amava.
Hoje já está um adolescente grandão e bonito. Mas lembro-me do meu desespero quando fui pegá-lo no colégio e na volta, subindo no ônibus com o Gui, no colo, constatei que ele havia permanecido na parada, me forçando a gritar e descer do veículo como uma louca.

Um dia, a Lu me deu a triste notícia que o Gui precisava, iniciar em uma creche, para ir se adaptando à escola. Fui junto para conhecer a escolinha e quando a atendente me pediu informações sobre os hábitos dele, pus-me a chorar como uma mãe desesperada, com a Lu a rir , com muita insensibilidade. Ela não entendia que meu coração estava despedaçado! Iriam me separar do meu menininho! Os primeiros dias de adaptação na escola foram terríveis. Eu ficava em uma salinha na entrada da escola e o tempo todo ouvia o choro dele, me chamando: Beti! Quero a Beti! Não dando nenhuma alternativa as professoras, a não ser me buscarem para ficar com ele. Quando me via, grudava em mim, quietinho, com vontade de brincar, mas com medo, de eu fosse embora. Meu coração se apertava e doía muito.
Com minha filha, nada disto aconteceu. Talvez por eu ser mais nova e tinha de trabalhar, havendo a necessidade dela ficar em uma creche.

O pior momento, porém foi quando, não precisei mais cuidar dele. Ele tinha quatro anos mais ou menos. Nos primeiros dias longe dele, me sentia sem um pedaço de mim. A saudade era grande e chorava muito. Lembrava daquele aconchego do corpo pequenino, mas forte em sentimentos. Ele fez parte de um período de minha vida importante, um divisor de águas, porque após essa etapa, minha vida tomou um rumo diferente. Senti-me confiante por ter vencido um desafio e perceber que tinha conseguido transmitir segurança à alguém, mesmo sendo uma criança e assim resgatando a minha segurança.

Obrigado Gui pelo seu carinho e amor à mim dado e obrigado Lu por ter depositado em mim tanta confiança.

sexta-feira, 13 de março de 2009


Embate

Minha carne dói
lateja
lembrando do teu gozo.
Meu líquido mistura-se ao teu.
Imagino-o
escorrendo por minha garganta
rumo as minhas entranhas
saciando minha sede.
Sinto-o no meu sexo,
quente
deslizando por minhas reentrâncias
num passeio incauto e insano.
Tua imagem despida de subterfúgios
faz meu desejo dar cambalhotas impertinentes
estonteando-me
amolecendo-me
empertigando meus anseios.
Tuas palavras fragmentam meu desejo
subestimando minha coerência.
Quando despertas minha suscetibilidade
passo a te provocar incansavelmente
atiçando minha excitação.
Teu instinto dominador, predador
impõe teu poder
lançando-se ao combate.
Então meu corpo estremece
aquece-se
num frenesi a percorrer meu interior,
indomável
livre
vigoroso
canalizando minhas defesas
atrelando meus extremos
à tua vontade.
E no final
saboreio teu riso quieto.
Ajoelho-me ante teu prazer
ofertando o meu.
e devolve-me na mais louca eloqüência
degustando-se na minha luxúria
saciando loucamente teus desejos.
Neste momento somos iguais
Numa batalha sem vencidos ou vencedores.
A você estou atada.
Mas sem você posso viver.
Fui tua ontem
Sou tua hoje
Amanhã...
Amanhã?
Bato-te outra continência
E vamos à mais uma batalha de prazer...
Beti Timm
* A imagem é uma foto minha, que recebeu um toque de arte, pelas mãos de um amigo.

quarta-feira, 11 de março de 2009

Dupla dinâmica
Encerramento de um inesquecível aniversário!


Oito de março de dois mil e nove, esta data com certeza será um marco nas minhas emoções. Jamais esquecerei a alegria, o infinito encantamento que se estenderam por horas e dias. Foi tudo perfeito, especial, fora das minhas expectativas, com surpresas agradáveis e carinhos delicados que ficarão guardados na minha memória para sempre.

Quero agradecer de coração: Ana Lúcia, b, Cam,Cecília, Claudinha, Crys, D. Ramirez, Dora, Ery, Fernanda, Geórgia, Jacinta, Jeanne, Jens, Loba, Luma, Márcia Clarinha, Marco, Marcelo, Mauri, Meire, Miguel, Moacy, Mr. Sobreira, Soninha, Susi, Tatiana, Vais e Zeca


Eu e o futuro veterinário, meu genro querido




Eu, o Zeca (no colo) e o Duque (que não é muito chegado a fotos).


Eu e o parceirão Jens (vulgo Bagual) e responsável pelo churrasco.


A futura jornalista e o futuro veterinário





Abaixo transcrevi o texto que minha adorada filhota, colocou num cartão “sui generis”, que ela fez, pra mim e que é claro adorei!


“Minha mãezinha querida”

Quero te dizer que tenho muito orgulho de ser tua filha. É muito bom ter uma mãe que parece minha irmã, mas quando preciso, sabe acariciar minha cabeça e me traqnquilizar.
Em todos os dias de minha vida, torço pela tua felicidade. Tu merece ser amada, merece sorrir e merece que o sol brilhe para ti todos os dias. Fico feliz de te ver nessa nova fase da tua vida. Te vejo rejuvenescer, teu rosto se iluminar e a alegria brotar no teu coração.
Somos companheiras, e isso me deixa contente, porque uma sempre vai apoiar a outra em todos os momentos. Estou aqui para o que der e vier.
Obrigada por ser essa pessoa tão maravilhosa.
Feliz aniversário!
Te amo!

Mariana
08/03/2009

domingo, 8 de março de 2009


Uma linda mulher

Esta semana fui agraciada diversas vezes com essa expressão. Confesso que me senti a mais deslumbrante das mulheres, e mais feliz ainda fiquei, quando esta pessoa me acrescentou uma beleza interior. Hoje é o Dia Internacional da Mulher, sendo também por uma casualidade do destino, o dia do meu aniversário. E concluí incrívelmente,que levei exatamente 54 anos, pra ter um dos aniversários mais felizes da minha vida! Realmente nunca é tarde para a felicidade.

Mas não quero falar de mim. Quero falar de outra mulher, que não está ao meu lado, por ter partido desta vida, ainda com muito pra viver. Vou falar de minha mãe! Uma mulher que foi intensa em tudo que fez na vida. Lutou até seu último suspiro contra a morte, e com muita honra, estive ao seu lado neste momento. Assim como estive com meu sogro, um homem que amei muito, e que considerava como pai, já que o meu esteve sempre distante afetivamente.
Parece-me que a vida me coloca diante destas provas: ver morrer as pessoas que amei profundamente. Apesar de considerar isso as vezes um sofrimento, sempre tive a sensação que eles me escolheram para estar ali ao lado deles, naquela hora, e assim passei a aceitar isso como uma dádiva e não como uma provação.

Minha mãe, uma mulher exuberante, cheia de vida, vaidosa, que nunca se deixou entristecer-se ou entregar-se ao desleixo, porque a vaidade, a faceirice, era o ingrediente que a impulsionava à viver. Jamais saía na esquina, sem um batom! Não era uma escrava da estética, mas era cuidadosa. Nunca dormia de maquiagem, assim como nunca colocava o pé na rua, sem estar devidamente aparamentada com seus acessórios de beleza. Era bonita, sensual, passava alegria, exuberância, mas sabia brigar pelo que queria. Na minha infância e adolescência, tive uma relação conturbada com ela, mas nunca foi de frieza como é com meu pai. Tudo era intenso com ela, na mesma medida que amava, se defendia quando se sentia ameaçada. Quando entrei na maturidade, entrei em choque com esse comportamento explosivo e passei a agir do mesmo jeito, daí nascendo nossas divergências. Mas quando em um momento discutíamos, no seguinte eu já estava no seu colo.

Antes de morrer, poucos meses, nossa relação se estreitou, ficamos confidentes, parceiras, amigas, e isso me fez resgatar um sentimento, que pensei ter perdido. Pediu perdão, pelas surras, pelas incompreensões, pelas intolerâncias, explicou-me que agia daquela maneira, por ter medo que eu passasse na vida o que ela passou. Hoje tenho saudades dela, sempre que algo de bom ou ruim me acontece, é a primeira pessoa que penso pra contar, desabafar.
Mas sinto-me de alma limpa, porque fiquei com ela até o seu fim, algo que meu pai, numa frieza dura, não fez, ao contrário passou a maltratar-lhe. E por um ajuste do destino, ele também vai morrer ao meu lado, mas tenho certeza que não repetirei o que ele fez com ela, porque o destino o colocou, ao meu lado pra mostra-lhe que a vida tem a sua justiça própria, e que o amor compensa mesmo quando não se reconhece isso.
Eu estou feliz, de paz com a vida, como minha mãe sempre quis.
Esta semana, ouvi sua voz macia e meiga, me cantando baixinho: parabéns pra você, nesta data querida...
Ela sempre estará ao meu lado!
Com este texto, rendo minha homenagem à todas mulheres que de uma forma ou outra buscaram ou buscam seu espaço neste mundo, tão confuso. Mulheres que amam e são amadas e para aquelas que a vida as privou do amor e de tantas outras coisas, digo que nada ,é impossível quando se luta por nossos sonhos. Dedico também à todas as mães que cantam canções de ninar, estando ou não com seus filhos.

Acima o primeiro desenho que fiz da foto.

domingo, 1 de março de 2009



A linha dura do prazer


Prazer rima com dor? O prazer entre as pessoas manifesta-se de maneiras diversificadas. Algumas normais, outras nem tanto. Em situações um tanto quanto estranhas, o prazer aflora, vem expressado em sensações de dor, sofrimento físico ou moral. Citando como exemplo o Sadomasoquismo, oriundo o termo, do Marquês de Sade, codinome do escritor francês, do século XVIII, Donatien-Alphose-François, marcado pelo escândalo e marginalizado, por descrições literárias explícitas baseadas em crueldades sexuais. Aliou-se a partir daí um distúrbio psicológico, classificado como “algolagnia ativa” que tem como característica a associação do prazer sexual a dor física ou moral, aplicadas a outra pessoa, buscando alcançar um prazer no sexo, aparentemente insaciável.O sadomasoquismo vem assumindo um espaço na área do sexo, que antes ficava restrito, a sessões secretas, a determinados segmentos, que eram vistos com um certo receio e preconceito moralista, justificando a regra que tudo que é diferente nos choca e assim reprimimos de imediato

No entanto, hoje, isso já perdeu um pouco deste paradigma marginalizado, e comenta-se mais sobre o tema sem, causar um impacto muito forte. Filmes, como o quase desconhecido Império dos sentidos, do cineasta japonês Nagisa Oshim, que foi impactante ao ser lançado e então renegado pelas bilheterias, por abordar o tema amplamente e explicitamente. Atualmente esta visão sobre o tema não sofreu radicais alterações, mas já não é um assunto tão proibido. Ao me propor a falar sobre o assunto, procurei me destituir de um olhar obtuso e me aprofundar mais nas necessidades e no interior do ser humano. E pesquisando, percebi facetas sobre o tema em si, que me fizeram reformular meus conceitos pré estabelecidos, esses baseados em padrões rígidos de um comportamento moral impecável e porque não dizer implacável, diante de diferenças que dentro de uma sociedade, são um desafio a um moralismo puritano.

Tentei analisar friamente cada parte desta prática que destoa das demais, no campo sexual:
Chamou-me a atenção uma, que menciona o “prazer sexual através da troca erótica de poder”. O que isto tem de muito chocante? O fato de estarmos ligados sexualmente a outra pessoa, pela sensação de poder, pode não ser algo tão devastador, já que todos nós de uma maneira ou outra pertencemos afetivamente a alguém, o que muitas vezes isso nos causa dor e sofrimento. Então porque não fazermos disto algo ligado só ao prazer, e ao tesão, sem laços afetivos, a não serem os laços de uma cumplicidade que poderá nos trazer sensações íntimas e avassaladoras?
A submissão por amor, que muitos de nós nos submetemos e que nos faz sofrer,e que muitas vezes quase acaba com nossa existência, deixando-nos pela metade, custando um tempo e esforço imenso para nos recuperarmos, e que após essa recuperação, passado um tempo, lá estamos nós novamente a nos apaixonarmos e com a possibilidade de tudo vir a se repetir. Não será isto uma autoflagelação, um sadomasoquismo, impingidos por nós mesmos?
Estamos sempre flertando com o sofrimento e o inusitado. Então porquê não flertar, despudoradamente com o prazer, sem dores, sem laços afetivos?
Sim, os amores, as conseqüências desastrosas, do amor provenientes, fazem parte do nosso crescimento e de nossa vida. Mas porque não lançar um olhar para o proibido, o diferente, para satisfazer nossa saciedade, alcançar um gozo. Fugir de uma coerência, às vezes sufocante, permeada de pudores, de padrões morais esdrúxulos, sem qualquer garantia ao prazer? Descartando é claro, qualquer menção à dor física, porque esta a mim, e acredito que a qualquer pessoa normal, não traga prazer nenhum, mas existe uma porta aberta poderosa para exprimirmos nossos mais recônditos prazeres, e sendo assim soltar nossas feras, nossos desejos secretos, não nos trará certamente nenhuma dor, só prazer!
Nunca esquecendo que na dor e no sofrimento também nos reconstruimos!
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*As imagens usadas são do filme o Império dos Sentidos.
*Uma ressalva sobre o filme. Apesar de ter perquisado, na internet, e ter recolhido informações sobre o filme e em vários sites ele foi mencionado como quase esquecido, fui salva pelo meu adorado Morceguinho, o Dilberto do blog: http://www.osmorcegos.blogspot.com/, um expert em filmes, que informou que o filme, não foi tão esquecido assim, e ainda é mencionado como um "clássico" cult. Completo, dizendo que essa é uma das vantagens de ser amiga de alguém super bem informado. Agradecida Morceguinho!