domingo, 21 de dezembro de 2008




Olhos nos olhos, corações nos corações

Nada será tudo, quando tudo se tornar real.
Quando mãos se tocarem, braços se enredarem
emoções serão divididas
e todas as saudades serão exorcizadas.
Nada será tudo, quando as palavras escritas se transformarem
em vozes dos mais variados tons
mágicos, que adentrarão nossa alma maviosamente
como uma canção entoada, com enlevo e suavidade.
Nada será tudo, quando vislumbrarmos os rostos
que se víamos apenas em fotos
que não nos mostram o interior.
Que sempre foram estáticas
sem vida, apenas imagens cruas e frias.
Nada será tudo, quando trocarmos sorrisos, trejeitos
e ficarem estampados os sentidos, as sensibilidade s
que fará deste encontro, um cenário de magias e encantos.
Da tela do computador, para a tela da realidade.
Da tela fria, para o calor do carinho
do tato, do abraço.
Dos olhos se misturando e se descobrindo.
Da tela, para o abraço terno, saudoso, curioso.
Da tela fria, para o redescobrir da vida.
para a intensidade do ser humano.
Da tela para o salto da felicidade
para o salto do encantamento.
Da efemeridade dos sonhos
para a concretização do amor, da amizade.

Será uma grande festa! Inesqucível!


Há muito tempo, venho pensando, sonhando com a possibilidade de algum dia, nós, blogueiros e antes de tudo amigos, termos a oportunidade de nos encontrarmos ao vivo e a cores. Durante a festa emocionante e recheada de alegrias, do AO, deste ano, este meu sonho se intensificou. Fiquei imaginando a festa estonteante e maravilhosa, que seria, se em vez de ser virtual, fosse, ao vivo. Talvez essa idéia possa ser amadurecida e planejada, para ser em 2009, porque tenho certeza, que ainda estaremos todos juntos e unidos como estamos agora. O sonho pode acontecer!


Beti Timm

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008


O sonho continua!




CCMQ promove exposição Modelo Vivo


A Casa de Cultura Mario Quintana promove a exposição MODELO VIVO, com obras de diferentes artistas gaúchos. A abertura ocorre dia 23 de dezembro, às 19h, no Espaço Mauricio Rosenblatt, 3° andar da CCMQ (Rua dos Andradas, 736). Os trabalhos poderão ser vistos até 01° de março de 2009, de terças a sextas-feiras, das 9h às 21h e sábados, domingos e feriados das 12h às 21h.


A CCMQ é uma instituição vinculada à Secretaria de Estado da Cultura.


A exposição é o resultado da oficina permanente organizada pela CCMQ, direcionada a adultos que trabalham com a figura humana no desenho, pintura e outras técnicas. Uma vez por semana os participantes contam com a presença de um modelo vivo para ilustrar as obras.


Os artistas que participam são: Avani Scher, Beti Timm, Carlos Meinardi, Carmen Weca dos Santos, Hilda Mattos, Liane Regina Thomé, Luiza Fontoura, Lu Poá, Maria Takatsch, Marilene Engler, Rachela Gleiser, Ruth Ferreira, Vera Centeno e Zilda Zanella.


A mostra é uma realização da Casa de Cultura Mario Quintana, juntamente com a Secretaria de Estado da Cultura, com o patrocínio do Banrisul e apoio da Associação dos Amigos da Casa de Cultura Mario Quintana.


EXPOSIÇÃO MODELO VIVO


Abertura: 23 de dezembro, terça-feira, às 19hVisitação: 24 de dezembro de 2008 a 01° de março de 2009

Local: Espaço Mauricio Rosenblatt – 3° andar da CCMQ – Rua dos Andradas, 736

Horário: terças a sextas-feiras das 9h às 21hs

sábados, domingos e feriados das 12h às 21h

Entrada franca

Assessoria de Comunicação - CCMQ Rua dos Andradas, 736 - 2º andar - Porto AlegreFone: (51) 3226.4797 - http://www.ccmq.com.br/

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Foto retocada com efeito de aquarela, por um artista, meu amigo.



Resposta ao convite...rs





Convite...

...Vem
E desce tua boca na minha
Despe-me
Das minhas ânsias
Do platônico
Do irreal
Abraça-me
Com teu calor
Com tua fúria avassaladora
Dá-me tuas pernas
Que te dou as minhas
Se ajeite dentro de mim
Que o prazer está apenas...


Começando.




Resposta:


E assim vem com essa conversa.
Longe de qualquer pressa.
Se a coisa assim começa.
Como pode terminar???
Olhe, que toda ida...
Tem o mistério do medo.
O anseio dos segredos,
Que estão por revelar.
E digo que nesse plano.
Bem fora da realidade.
Se a sua chama já arde.
Eu posso imaginar.


General.

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Realidade com nuances de sonho
Tive um pensamento!
Começou de mansinho



E foi nas asas do vento...
Cheio de amor e carinho



Ganhar também alento


Para cumprir sem caminho





E ficar sempre atento!


Pensei ser uma flor,




Que tudo perfumasse






Em ondas de amor...













Que tudo inflamasse




(Meu abraço para vocês que sempre me apoiaram e me deram milhões de carinho)










Suprimindo a dor,







Que se derramasse
Numa tela de cor...



















Pensei ser um clarão
Que iluminasse



Ao homem o coração


E que retirasse
Da mente a ilusão!





E que retivesse
Nas minhas, a tua mão!



Pensei ser uma ave,
Em voo de liberdade...















E de arabesco suave!
E com total dignidade,









Deixando de ser grave,
Pondo fim à iniquidade

Antes que ela nos trave...
Mas, como tudo sou
E nada posso ser,
Prefiro ser o que dou!
A inteira alegria,
O sol que tudo corou!
Da Alma, a Poesia
Que em nós tocou.
José António
Dos sonhos, quase sempre nascem as realidades, mesmo que elas nos pareçam distantes e inatingíveis como uma estrela.
Beti Timm
(artista plástica e uma aprendiz de escritora)

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008


A luz que me ilumina




Aos vinte sete anos atrás, eu dei a luz, a luz da minha vida.

O pai dela me disse, quando ela veio ao mundo:

a Mariana chegou!

E até hoje está ao meu lado, minha parceira em tudo, até nas brigas...rs

É o anjo que aquece meu coração, a cada minuto de minha vida!

Por ela respiro e a deixo respirar sózinha!







Meu lado se esgueira feliz

quando tua voz me diz que me ama.

Quando teu choro, é presente

tuas agonias estão te espreitando

queria ser a Mulher Maravilha

pra te livrar do perigo

pra te salvar das dores do mundo.

Mas a recompensa de te acalentar

de afagar teus sonhos

de saborear tua vida

é imensa

é única

é vibrante.

Contigo choro

sonho

sou dolorida

mas contigo vivo a cada passo teu.



Te amo, com ternura e a grandeza do amor de mãe!



FELIZ ANIVERSÁRIO, MINHA PEQUENA!!!

sexta-feira, 28 de novembro de 2008


Um coração, transbordante de agradecimento, felicidade e amor

Estou aqui, humildemente, para agradecer o incentivo, o carinho, a mim dirigido por todos vocês, nesta minha caminhada.

Agradeço, primeiramente à minha filhota, a “super Mari”, que tem me ajudado, nas coisas práticas e me fornece gás todos os dias com o seu parcerísmo constante.

Ao (o Jens), por sua parceria, me ouvindo e incentivando sempre. Meu companheiro em tudo que me proponho a fazer.

Ao Zeca, meu amigo e “marchand” do coração, que esteve comigo desde o início de tudo e embora ele vá contestar, esta exposição só acontece, porque a sua participação foi incisiva, não me deixando esmorecer ao longo da caminhada. E porque tenho talento (se eu não fizer esse adentro, me puxará as orelhas... rs).

À Euza (Loba), minha parceira em todos os momentos, bons e ruins, que nunca me abandonou, e mesmo de longe me dá uma força incrível, devido ao seu coração enorme. Com quem ainda pretendo realizar grandes vôos no futuro.

Ao meu “parceiro e compadre” Miguel Chammas, que sempre “incendiou” meu coração, com suas palavras oportunas e seu carinho enorme, tão grande quanto seu coração. E que tem por afilhados, quase todas as minhas obras, dando o devido registro à elas.

Ao “Mr. Sobreira, que tive o prazer de conhecer à pouco, mas que aprendi a estimá-lo, e que me mandou um livro seu, onde conta um pedacinho de sua vida, e adoravelmente me chama de “Miss Beti”. A minha amiga do coração Cris, a Estrelinha, que mesmo nos seus momentos mais difíceis, me ouviu, me estimulou e me acolheu no seu coração. Ao Dilberto meu“Morceguinho preferido”, que me brindou com palavras gentis e com muito carinho estampado nelas. A Sôninha, que me conheceu a pouco, mas que não economizou no seu carinho. A Geórgia, que mesmo do outro lado do oceano, dedicou-me carinho sem medidas. Ao Dácio, com suas poesias encantadoras. A Shi, com sua alegria permanente, a Dora, minha poetiza preferida, Cherry, Martha, Ana Lúcia, Betho, o “anjo Azrael, Claudinha, Marco, Jorginho da Hora, Karine, Leandro, meu adorável Leandro Carvalho, que se empenha ferrenhamente em sempre me deixar “vermelha”, Márcia (Clarinha), com sua suavidade, José Viana, Mestre Moacy, a minha querida e amada Tatiana Corujinha, Cecília, Edu, Jeanne, Ilaine, que mesmo afastada, se fez presente, Roy Frenkiel, com seus elogios pertinentes.

Agradeço a todos, e peço desculpas se esqueci de alguém, a memória falha, mas o coração não!

Ao pessoal da minha cidade, aos amigos e que são também meus amigos, de minha filha.
Ao meu “artista do coração", que está do outro lado do oceano, e que me disse uma frase que me emocionou: Queria muito ir e estar do seu lado!

A memória falha mas o coração não. Esqueci de mencionar aqui, mas não esqueci no meu coração. O blogueiro, que eu acho o mais sisudo dos blogs, o Jota Efe. Acho que ele vai ficar furioso comigo, por fazer este comentário, mas acredito, ele ser de uma docialidade muito grande. Hoje ele fez um comentário no meu fotolog, e como uma aluna que teme aquele professor bravo, fiquei toda faceira e, como aluna tô devendo uma maça pra ele...rs. Desculpa Jota não resisti! Agradeço também de coração.

Agradeço emocionada, pelos momentos que cheguei ao computador e fiquei rindo como uma boba, diante dos e-mails, inúmeros, e dos comentários, carregados de carinho que recebi.

Independente de qualquer resultado quero dizer que dentro do contexto da minha luta até agora, as tantas provas de carinho e amizade que me dedicaram, já me fizeram feliz e realizada, por saber que sou amada tanto quanto amo à todos.
Esse é sem dúvida o Grande Prêmio!


Agradeço honrada e emocionada.
Beti Timm

segunda-feira, 24 de novembro de 2008


Fustigar

E
dói , como lambada de açoite,
como fisgada de dor
dentro da noite

E
estampa na pele,
como vento desenhando a areia

E
destila o liquido,
nos corredores das entranhas
por onde dança o infinito

E
arremessa na inquieta tez,
carícias desenhadas
com trejeitos de insensatez

E
invade, espreitando,
desvanecendo o céu da boca,
em beijos destemidos
arrancando do interior incauto
gemidos doloridos

E
incendeia as partes internas,
com a lava incandescente
deslizando entre as pernas

E
aninhada
lambuza

E
estremece
assanha
espreita

E
aconchegada
acomodada,
faz moradia

E
atiça os pelos com as mãos
batendo
açoitando,

doendo de paixão.

quinta-feira, 20 de novembro de 2008


Tinha decidido, não abordar, esse assunto, por ele ter sido tão bem explanado em outros blogs. Mas infelizmente, o que hoje presenciei, fez-me mudar minha decisão.



Inimigo Oculto


“Pior inimigo, é o invisível: aquele que ataca, bate e não podemos revidar!”

Todas as quintas faço um estudo, um laboratório de desenho, com modelos vivos. Os modelos trocam a cada mês. O atual, é um homem negro, jovem. Abrindo um parêntese: um "Deus Ébano, diga-se de passagem.

Hoje é a segunda aula que ele não comparece. Então enquanto esperava, uma possível troca de modelos, fiquei passeando pela sala e olhando os desenhos alheios. Todos tendo ele como modelo.
Algo me chamou a atenção: os desenhos, de duas mulheres, que ostentavam os mesmos, aos colegas:
nos dois, o corpo era o dele, mas o rosto, não; era de um homem branco, nitidamente caucasiano. O racismo mistificado, disfarçado, oculto, mas preconceito! Silencioso!

O desenho que fiz dele, e está incluído nos que vão para minha exposição, não tem rosto, por ser uma característica nos meus trabalhos. Mas percebe-se que é um negro, na sua cor, exuberância e vitalidade.

Logo em seguida, nos comentários, ocorridos, sobre a ausência do modelo, o racismo, mais uma vez manifestou-se, rasteiro e covarde. Como uma erva daninha!
Materializou-se na forma de uma senhora, assumidamente homossexual, o que me deixou perplexa.
Com um escárnio latente ela disse: “negrinho sem-vergonha!”.

O racismo é tão forte, que provavelmente, a discriminação, que, ela sofre, conclui ser diferente da discriminação da cor. Tudo enraizado dentro da sua superioridade, calcada, na prepotência de considerarem-se a “raça pura”.

Tomadas, as devidas providências, surgiu um modelo substituto.
Um negro, que se postou num tablado, no centro da sala, estático e exposto como um objeto.
Um modelo branco também ficaria na mesma situação, mas devido às circunstâncias, para mim, desenhou-se um quadro diferente.

Constatei, talvez, com um certo pessimismo: escravo?
Retirei-me! Muito racismo para um dia só!

domingo, 16 de novembro de 2008




A magia das palavras e do sorriso
(um anjo entre nós)


Com certeza ele veio de um lugar místico. Vestido com uma armadura, com a qual combate seus medos e suas incertezas. Suas armas são as letras, com as quais me encanta e encanta os que o lêem. No seu castelo, guarda um baú, onde preciosidades, pérolas, descansam, e em momentos abre o baú e divide esses tesouros com seus leitores. Tem um cantinho, onde brinca de rabiscar, o que na verdade, em vez de rabiscos, pode ser considerada enlevos de pura magia e ludicidade.

Foi neste “cantinho”, que eu o conheci. Foi num azul, onde as palavras dançavam uma dança contagiante, que de tão extasiada, lá retornei.
Voltei sempre, porque as poesias, os contos, encerravam uma beleza e uma sagacidade impressionante.

Esse talento sem limites lhe rendeu, esta semana, merecidamente um prêmio literário.
Quem não o conhece,e quiser saber mais detalhes sobre o prêmio, poderá ter este prazer imensurável, visitando seu cantinho, no endereço abaixo:

http://prosaversochammas.blogspot.com/


Então passei a conhecer melhor o dono de todo esse universo encantador. E descobri que ele é tão encantador, quanto suas palavras.

Tem uma bondade genuína, que estende a todos, que se aproximam. Um caráter pontuado de sinceridade, de atitudes permeadas de ternuras e de querer estar sempre ao lado de quem precisa. Tem uma gentileza que transpassa meu interior, e quando a mim dirigida, suas palavras, a minha alma se aquece e se regojiza na mais plena alegria.

O sorriso é de uma docilidade translúcida, como se nada fosse desmistificar sua meiguice.

Já chorei, “virtualmente” em seus ombros, e com suas palavras ternas e carinhosas, minha tristeza desvaneceu-se. Um amigo de todas as horas.


Tem a alma translúcida, porque seu coração é puro, imaculado.
A sinceridade é sua parceira constante.
Ele é meu parceiro espiritual, meu compadre, batizou e batizará quase todas as minhas “obras”. Um parceiro do qual jamais quero prescindir, porque essa parceria, é leal e me trás plenitude.

Dentro da armadura, estão escondidas as asas. Sim, pois ele, além de tudo é um anjo iluminado e suas asas abrigam todos que dele se aproximam.

Certamente tem defeitos, como todo mundo, mas sua bondade e sua angelical alma encobrem esses defeitos.

Desejo sempre que a felicidade esteja do seu lado, que tudo seja promissor na sua nova etapa de vida, que ele esta começando, e que a pessoa que ele ama, que é tão meiga quanto ele, vivam na mais estreita harmonia.

Se precisar, para esta felicidade ser permanente, darei um pedacinho do meu coração, com muita satisfação.

E quando eu um dia tiver a oportunidade de conhecê-lo, na vida real, sendo este acontecimento uma festa esfuziante, doarei, com toda alegria, outro pedaço do meu coração.



Ao meu parceiro e compadre Miguel.

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

ADOÇÃO

Blogagem coletiva sobre ADOÇÃO



A Geórgia (Saia Justa) e o Dácio (Chega Mais), numa iniciativa nobre, pontuada no amor pelo próximo, promoveram uma Blogagem Coletiva, cujo tema aborda a ADOÇÃO, com o objetivo de levar mais pessoas para o caminho da Adoção.


Olhos nos sonhos








O corpo franzino esgueira-se pela porta, adentrando a sala vazia.
Os olhos baixos, concentrados no chão, num ponto único.
O rosto com os ossos salientes sugerem um amadurecimento forçado. Não há marcas mesmo que indeléveis de algum sorriso, ali registradas uma única vez.
Morosamente, senta-se com cuidado na poltrona, como temesse ser repreendido, por usar algo indevidamente.

O olhar continua pregado no chão, a cabeça cabisbaixa, o queixo, quase se juntando ao peito, entre os ombros curvados.
As mãos pequenas, de unhas cortadas rentes, desenham figuras imagináveis, na bermuda gasta, de uma cor que um dia foi azul.

A idade é imprecisa, no máximo uns doze anos, mas aparenta bem mais. Absurdamente representa ter dezesseis anos.
Dezesseis anos de dores.
Sua figura parece gritar essas dores vivenciadas durante anos, após anos sem nenhum lenitivo, sem um bálsamo para as feridas que seu corpo e sua existência carrega.

Mesmo sem mencionada, a aspereza de sua curta vida, é nítida.
Nele visualiza-se a fome que rasga suas entranhas, o frio úmido dos chãos sujos onde aconchegou seu corpo, numa seqüência massacrante.
Percebe-se o medo, que o acompanha sempre. O medo das surras que já lhe marcaram o corpo pequeno, o medo do inusitado, do perigo em cada esquina.
O medo que esquarteja sua vida, que lhe tira o sono, nas vigílias de noites, passadas nos becos, nas marquises dos prédios, onde se escondia.

O silêncio é tão grande que se escuta sua respiração lenta, mas ansiosa.
Vozes baixas chegam até a sala, onde ele está, como sussurros. Repentinamente, cessam as vozes na sala ao lado.
A porta se abre lentamente, uma mulher entra, acompanhando-a, outra mulher, sisuda, demonstrando um profissionalismo. Provavelmente uma assistente social.

A que entrou na frente, dirigi-se ao menino, com voz calma. Apresenta-se, e estende a mão denotando uma timidez e um nervosismo controlado a duras penas. Ele ergue os olhos. São castanhos, grandes, destoando do rosto magro. Olhos tristes, opacos, quase sem vida, estão inquisidores, vasculham algo que não tem certeza do que seja. Talvez uma resposta pras suas ansiedades, seus medos. Um caminho, pra carregar seu corpo pequeno, cansado da dor, do sofrimento, da desesperança.

O medo, ainda está ali estancado, como um vigilante incansável. A outra mulher, explica com voz fria, indiferente aos seus medos, que a moça, de gestos calmos veio para levá-lo para sua casa, para um período de adaptação, pois pretende adotá-lo.

Seu coração dispara, quase lhe sacudindo o corpo franzino. A moça continua com a mão estendida pacientemente.
A dúvida instala-se momentaneamente; A segurança frágil, mas certa do abrigo, ou o inesperado. Nem tem certeza de que saberá viver em uma família, num lar, ter comida, roupas, uma cama quentinha e talvez quem sabe de vez em quando, um carinho, uma palavra meiga.

Ele quase se atreve a pensar que aquela mulher estranha, com a mão estendida, lhe dará o que tanto espera. É um pensamento fugaz, mas não custa nada sonhar, ter esperanças. Ergue a mão com cuidado. Encontra a outra, que é quente, macia, aconchegante. A mão por onde chegam seus sonhos, aperta a sua com força, mas com uma carícia acalentadora.
Um sorriso meigo desenha-se no rosto da dona daquela mão, que lhe insinua uma vida decente.

Ela dirige-se à saída, segurando-o e conduzindo-o ao seu lado, com carinho e firmeza. Chegam, lado a lado, à rua, o sol é brilhante, como os olhos, fixos na moça. Caminhando lentamente, seus olhos, hipnotizados não se desviam, do rosto bondoso e calmo, de sorriso meigo.
Olhos na esperança! Olhos nos sonhos!


O menino do texto é fictício, mas inspirado nos milhares de adolescentes esquecidos e descriminados nas diversas Instituições e Abrigos existentes no Brasil e no mundo.

sábado, 8 de novembro de 2008

Hoje é dia de Cecília

Blogagem coletiva em homenagem a Cecília Meireles

iniciativa do blog "Na dança das palavras"

Retrato




Eu não tinha este rosto de hoje,
assim calmo, assim triste, assim magro,
nem estes olhos tão vazios,
nem o lábio amargo.
Eu não tinha estas mãos sem força,
tão paradas e frias e mortas;
eu não tinha este coração
que nem se mostra.
Eu não dei por esta mudança,
tão simples, tão certa, tão fácil:
- Em que espelho ficou perdida a minha face?


Cecília Meirelles e o tempo



Escolhi este poema, porque ele me remete a minha infância e um pedacinho de minha adolescência. Seus versos, densos e ao mesmo tempo de uma suavidade etérea me marcaram, de uma forma afetiva, mas que na época, não consegui delinear sua conotação real.

Quando mais tarde, já na maturidade eu os reli, tomei conhecimento de sua beleza profunda e visceral:

Eu não tinha estas mãos sem força, tão paradas e frias e mortas;

A constatação da velhice e da morte eminente, a amargura retratada fisicamente.
A ausência de sentimentos, desenhada em um coração sem forças para esboçar qualquer emoção.

E então a presença do tempo inexorável, onde tudo passou tão rápido, tão veloz que não foi possível esperar a velhice, abrir as portas para o tempo implacável.

E assim acontece com o ser humano. Percorremos o caminho do tempo, quase sempre, sem perceber que ele é como a velocidade da luz.Os anos se avolumam, e não realizamos sonhos.
Perdemos, o amor, num espaço, num segundo, e assim a vida, nos escoa por entre os dedos e não nos é possível segurá-la, não nos é permitido retomá-la para fazer o que deixamos escapar.
A vida não tem uma via de duas mãos. Não tem retorno.

quarta-feira, 5 de novembro de 2008


Com os sonhos nas mãos
(percorrendo o arco-íris e abrindo o baú dos sonhos)





Exposição
Resgate da Arte

Beti Timm, com a coragem que lhe é característica, reabriu seus baús e promoveu o resgate de sua arte, durante algum tempo em compasso de espera. São desenhos sobre os mais variados tipos de papel, elaborados com lápis, grafite, crayon, carvão, nanquim, entre outros. Agora os abre ao público, como se estivesse expondo seu próprio coração, o verdadeiro criador de suas imagens de sonhos. É uma artista genuína e original em suas criações intuitivas, impondo o fascínio de suas superfícies volumétricas e a sensualidade onírica de suas mulheres. Sua linguagem é lírica e os climas de suas obras, fascinantes.

Zeca Paes Guedes
Marchand e crítico de arte



Exposição
Resgate da Arte - Beti Timm
Casa de Artes Baka
República, 189
25/11/08
19h



O texto do convite foi uma gentileza do meu amigo Zeca, sempre carregado de carinho comigo.
A data mencionada no convite, não é a correta, foi só usada como teste, pela minha filha ao confeccioná-lo.




Inicia-se neste mês uma etapa de minha vida, que sempre me pareceu tão distante quanto o fim do arco-íris. Esperanças, escondidas, em uma gaveta trancada a sete chaves, que nem mesmo eu pensava em destrancá-las.
Mas como num passe de mágica achei as chaves e libertei as esperanças, espalhando-as por todos os cantos de minha vida.

Desenho desde de menininha. Mas desenhar era algo proibido e que me renderam surras homéricas de minha mãe, que era a titular da família. Meu pai estava, como esteve sempre até hoje indiferente à tudo, preocupado em planejar suas escapadas. Eu recolhia todo o tipo de material que desse para desenhar, os lápis precários do colégio, as folhas de caderno, que usava escondida, papel de embrulho, espaços brancos em revistas, qualquer coisa que me permitisse desenhar, tudo que rendesse um risco, eu usava.


Na opinião de minha mãe, desenho não me renderia nunca dinheiro, nem uma profissão decente. Dizia-me que em vez de desenhar, devia era ajudá-la nas lidas doméstica, e era o que eu fazia, mas quando tinha um tempinho, corria para os meus desenhos e quando era descoberta, o que freqüentemente acontecia, as surras eram certeiras. Quando eu sentia a dor, que doía fundo, eu sonhava que um dia ia poder desenhar, sem ser punida.
Mas o que me doía mais, era quando ela achava meus desenhos, e os rasgava, para não tentar fazer novamente. Doía-me como se minha vida estivesse sendo destruída. As horas que eu passava escondida num porão eram rasgadas, como se meus sonhos fossem despedaçados. Tudo isso proporcionou um bloqueio, muito penoso pra superar.


Continuei desenhando, mas sem pensar em expor, guardando-os, com a certeza de que só pra mim tinham valor. Tinha sempre a sensação de estar fazendo algo errado, e que seria punida.

Foi a pouco tempo, que comentando o blog do Zeca (janelas do zeca), que esteve e está muito ligado as artes, que timidamente, mencionei que desenhava, mas que não mostrava a ninguém. Ele pediu-me para mostrar-lhe, os meus desenhos. O que fiz, muito temerosa, pensando na minha pretensão em mostrar desenhos simples, para uma pessoa que lidava com artistas competentes.


Mas para minha alegria, ele passou a me incentivar a mostrá-los e a continuar desenhando. Foi uma longa e torturante caminhada, com medos, inseguranças, mas com o Zeca me cutucando a todo momento, que me desafiou a provar a ele e a mim mesma, que eu chutaria meus fantasmas e realizaria meu sonhos.

Devo-lhe isso, mesmo ele insistindo que foram meu talento e meus méritos, que desbrocharam . Mas tenho certeza, que se não fosse a insistência dele, as palavras de estímulo, e o desafio que me despertou, eu estaria escondida até hoje.



Tudo requerendo muita luta, brigando com meus medos, ainda em momentos tendo a sensação que estou fazendo algo errado, mas vou em frente.

Desenho na madrugada, porque é mais tranqüilo. As vezes acho que estou um pouco, obcecada, pelos desenhos. Todo momento livre, corro pra desenhar. Tento recuperar o tempo perdido. Tenho certeza que vou achar meu equilibro, mas agora a minha sede é imensa!

Meus dedos estão com calos, minhas costas doem. Todo dinheiro que me sobra, uso para comprar meus materiais, deixando de lado minhas vaidades femininas. Estou feliz, em paz com meus anseios e com meus sonhos quase concretizados.

Além do Zeca, que é meu “marchand” de coração, devo a muitos amigos queridos, toda essa minha caminhada: a minha filha, que me dá muito apoio, me auxiliando em tudo. Inclusive é minha relações públicas. A Loba minha amiga e parceira. Cris, a estrelinha, minha amiga de fé. Jens meu parceiro e sei está feliz com minhas realizações. Meu adorado parceiro Miguel, que batiza meus trabalhos (obras, como ele me corrige).Sua namorada, a Soninha, que comenta muito no meu fotolog e que adoro quando ela o faz, e a todos que visitam meu cantinho, e que me contemplam com palavras carinhosas de estímulo.

O pequeno resultado desses sonhos, é a exposição coletiva que participo em uma casa de cultura, e a individual, que se realizará na semana que vem, assim espero. Será simples num lugar tradicional, mas simples. Tudo isso é apenas o começo dos meus sonhos, e que se estenderão até os últimos dos meus dias, resgatando minhas esperanças
.

sábado, 1 de novembro de 2008


A princesa às avessas e o intrépido Cavaleiro Andante

( o amor quebrando todas as regras)


Vou contar uma “quase” fábula, escrita por quem sempre, acreditou e acredita que o amor é forte e feito de partículas de insignificantes diferenças
.

A princesa
Ela, quase uma jornalista. Mescla firmeza com uma docilidade inconstante. Caminha pela vida como se equilibrasse numa linha tênue da segurança. Espera sempre uma palavra, que lhe afirme suas decisões. Mas quando essa palavra não se faz presente, toma suas decisões com toda perspicácia que lhe é inerente. O humor oscila, no seu dia a dia. Num momento brinca com a vida, no seguinte, a batalha está armada. E quem estiver no seu caminho recebe os respingos, tanto da alegria, quanto da batalha.
Sua aspereza é sempre vencida pela ternura, que esconde numa tentativa de ser forte. Em contrapartida debulha-se em lágrimas ao sinal de qualquer emoção.
É extremamente politicamente correta. Nada escapa da sua coerência, e mesmo que isso lhe custe o que mais deseja. O seu senso de justiça é alinhavado toda vez que sente que ele está saindo dos seus critérios.
É de uma meiguice encantadora, mas quando briga, sabe ser dura como ninguém.
É autoritária, parece estar sempre com um chicote nas mãos, mas, no entanto anseia por um gesto carinhoso.
É uma princesa que destoa dos contos de fadas. É humana, com erros e acertos. Mas sabe amar com intensidade, da mesma forma que ama a vida.
Tem sonhos, esperanças que lhe permeia o seu espírito combativo.Vive entre o real e os sonhos.


O intrépido Cavaleiro Andante

Quase “doutor dos bichos”, é extremamente contagioso em seu jeito de ser. Carinhoso, se veste de poderoso, quando a situação requer. Mas tem uma candura que encanta quem com ele convive.Franco, consegue dizer a verdade sem magoar. Tem gestos cuidadosos. Quando fala com alguém seus olhos não se escondem. Miram direto, sem deixar alternativa, de quem com ele fala, usar subterfúgios.
Pacencioso sabe lidar com as contrariedades sem perder a fleuma. Às vezes disperso. Quanto alguém fala com ele, parece estar em outro mundo, e a princesa tem que puxá-lo para a terra. Às vezes ela o faz com dureza, mas ele não se abala, retorna com a mesma forma com que se dispersou.
Também sabe amar com intensidade. Percebe-se isto nas suas atitudes, no seu olhar. É educado e procura ser sempre cauteloso, na lida com os outros.
Ri com franqueza, e assim contagia com sua alegria.Deve ter defeitos, como todo humano. Mas é bom gostar dele, faz bem ao espírito e torna-se fácil, com ele conviver.

O encontro da princesa e do intrépido Cavaleiro Andante

Encontraram-se, porque assim estava escrito. O destino bordou seus traços com esmero, e deu-se a simbiose. Um completa o outro. Parecem opostos, mas são iguais. Parecem distintos, mas se misturam com facilidade. Seus risos se entrelaçam constantemente. Seus sonhos se tornam realidade quando enfrentam a vida. Um se ampara no outro. E se caírem, estarão juntos.
Um, a calma o outro a turbulência. E juntos são as intensidades de viver.
Juntos representam o amor e tudo que dele renasce

sábado, 25 de outubro de 2008


Pertinho do fim do arco-iris



Meninos & Meninas

Quero antes de mais nada pedir desculpas pela retardação nas respostas dos comentários, e a escasses nas visitas aos amigos, o que me deixa triste e em dívida, com vocês!

A demora deve-se , por eu estar em uma etapa de minha vida, que está sendo uma surpresa a cada dia, ou melhor dizendo: estão se concretizando sonhos que eu tinha guardado, em relação a minha arte.


Tenho, em breve duas exposições programadas. Sendo que a realização de uma depende exclusivamente de mim. A casa de artes onde será realizada, cede somente o espaço. A organização será toda por minha conta, com inúmeros detalhes, o que está tomando o meu tempo.


Mas os sonhos são assim, quando se concretizam, são turbulentos, e nos tomam por completo. Mas isso torna tudo mais intenso e o sabor final muito mais gostoso!


Fiz um "Fotolog" na internet, onde postei meus trabalhos! Quem quiser dispensar um tempinho extra e ir lá visitar, ficarei imensamente feliz, pois devo grande parte desse sonho ao carinho e ao incentivo de cada um de vocês.

O endereço vai aí, é só clicar e estarão mais um pouco pertinho de mim.



À todos o meu agradecimento e carinho.

terça-feira, 21 de outubro de 2008


Anjo encoberto

Ao acordar seus sonhos acordam juntos
desliza suavemente por entre as alamedas da ilusão
feita de ânsias entalhadas nas cavidades
resquícios de labaredas incineradas nas incertezas.
dedos que transitam por saliências inconstantes
como um cego na busca do inusitado.
Olhos fecham-se quando a imagem se distorce, e incisiva chega a alma
passeios entre o incerto e o que já declinou
passos entre o amanhecer e o entardecer
mergulhos na escuridão desenfreados.
Incestuosidade na luxúria
e suavidade na ternura.
Etérea como a magia das incidências espargidas
nas incontinências de menina-mulher.
Regada de lágrimas, quando sonhos se despedaçam
rendendo homenagens póstumas às esperanças ressurgidas.
Incidental nos entremeios das paixões
preenchendo momentos dispersos, vazios
oportunizando o desafio, que leve ao alucinógeno.
Caracterizando-se pela ternura, dela descendente.
Carência palpável, mas também doação desprendida.
Constituída de pedaços de inseguranças
feitas de sentidos descalços
de sonhos despidos
de mãos estendidas
de prenúncios de felicidades vindouras
de seduções disfarçadas.
Um anjo, onde se esconde a mulher.


Beti timm

sábado, 18 de outubro de 2008


O melhor lugar do mundo!

(mais um "memezinho", para a Shi se divertir um pouco)


O meu ilustre parceiro Jens, da Toca do Jens, me passou, esse “meme”. Vou tentar fazer a lição de casa, que é dizer onde, e diria também, como quero passar minhas férias.

Bem, antes de tudo, tenho que escolher um lugar, ou talvez já tenham escolhido pra mim. Calma! Já explicarei. Neste ano, conheci, um artista, do exterior, mais precisamente da Europa (uma das maravilhas da internet, a facilidade na interligação de pessoas de lugares diversos), alguém muito bonito, charmoso, interessante. O Jens que me passou este “meme” sabe de quem estou falando.

Depois de algum tempo de convivência, ele insiste, muito, que eu vá conhecê-lo pessoalmente. Não vou mencionar o nome dele, por ser conhecido, e não quero, lhe trazer transtornos indevidos. Para tentar me convencer, ele me acenou com a possibilidade de me presentear com as passagens. Muito tentador! Conhecer a Europa, e namorar alguém interessante são algo pra se pensar com carinho.

Pensei, repensei. Não sei os motivos (talvez eu seja alguém de gostos simples), que me levaram a não aceitar, esta proposta tão atraente. Há certas situações, em que o desejo ou aparece de imediato, nos atirando de cabeça, ou simplesmente não acontece a famosa “química”. Ou o desejo é explícito, ou não é desejo, daqueles intensos. As aventuras, também já não me atraem tanto. Estou mais light!

Mas mesmo resistindo a esta tentação, fiquei lisonjeada! Talvez com o decorrer do tempo, eu me decida a ir.


Mas, como estou em uma fase da vida, em que estou caminhando com passos pequenos, mas sólidos, em direção da realização pessoal, com a minha arte. Todos os espaços do meu interior estão, direcionados para tal, e se não agarrar com força e determinação, as oportunidades, que estão despontando, e que irão surgir, só me restará guardar, meus pincéis, minhas tintas, e assim, esconder mais uma vez esse sonho. Desta vez, pra sempre!

A arte é minha essência, sem ela, não tenho sonhos, desejos, nada, sou um barco à deriva, não consigo nem mesmo ser feliz por inteiro. Sou fragmentos, esparsos e vazios.

Sendo assim, quero ficar o tempo todo, do lado dos meus desenhos. Quero desenhar e pintar, em todos os momentos que me sobrarem, e isto me leva a pensar em férias bem peculiares.

Como durante o dia, mesmo não trabalhando fora, meu dia é extremante turbulento. Tenho uma casa pra cuidar, mil coisas sempre me tomando o tempo e o que é mais preocupante, tenho um pai de 86 anos, que mora comigo e não me concede um minuto de paz! Ele consegue, fazer peraltices a todo o momento, e me cobra atenção em tempo integral. Minha relação com ele, é muito complicada. Nunca me amou, sempre foi frio e reservado, e como minha natureza, anseia por carinho sempre, tenho mágoas, que ainda estou administrando. Mas, sabe que cuidarei dele até o fim. Jamais abandono ninguém, é algo inerente em mim.

Por esse motivo, na madrugada, desenho com mais determinação e concentração.
Ninguém me solicita nada, só o silêncio é meu companheiro constante.

Relevando todos esses contratempos, tive uma idéia inusitada, um pouco estranha, mas que seria adequada para sanar esses problemas e eu teria férias espetaculares:
eu poderia dispor de minhas férias, mas daria férias para o meu pai. Mandaria ele para um lugar agradável, tranqüilo, bem distante de mim (acho que meu lugar no céu dançou. Paciência, mesmo porque o céu deve ser muito monótono), com uma acompanhante (bonitinha), todos os aparatos necessários, para ele ficar bem, e eu ficaria na minha casa, no melhor lugar do mundo, desenhando e pintando na mais plena paz. E muito feliz!

Mas também existe a possibilidade de alguma alma caridosa, que estiver me lendo aqui, se prontificar a ficar com um velhinho simpático (não precisa trocar fraldas ou dar comida na boca), só gosta de ler jornais, escutar um radinho de pilha e ver novelas na televisão. Tudo muito simples! Alguém se habilita?

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Chamada para a vida

Adoção: um ato corajoso de amor

Quando li no blog do Dácio, o post sobre adoção, apaixonei-me de imediato. Minha mente fervilhou, de tantas coisas que se pode comentar, sobre um assunto tão importante, algo que me toca profundamente. Quis participar da blogagem coletiva, mas senti-me ao mesmo tempo incapacitada para tanto. Então quando a Geórgia me convidou pensei: não preciso, me aprofundar nas leis, na burocracia, que dificulta as adoções. Posso falar do lado humano, dos sentimentos e do amor que está inserido quando se adota uma criança. Isso eu posso falar, neste aspecto, eu tenho muito pra contar, sendo a adoção, um ato corajoso e despretensioso, no qual o objetivo é doar amor.

Portanto, quem quiser participar da blogagem coletiva, será bem vindo, dando o seu depoimento e assim, fazendo a sua parte, numa luta justa, onde só o amor e a coragem fazem uma parceria única e bela. Ajudem-nos a irrigar, o solo onde transita esse ato corajoso, para que os frutos, sejam colhidos com mais facilidade, com mais justiça!



Para a Blogagem Coletiva o convite é:

1) Depoimentos de quem adotou uma criança;
2) Quem pensa em adotar e está neste corredor de espera;
3) Como foi o seu contato com a entidade X criança X você;
4) Quais as dificuldades enfrentadas até a reta final;
5) Você, parente ou amigos estão no corredor de espera para a Adoção?
6) Gostaria de discutir o assunto mesmo que não queira adotar uma criança?
7) E como vê toda essa situação na sociedade em que vivemos?

A data para a blogagem será na semana de 10 a 15 de novembro. Assim teremos uma semana inteira para escrevermos e interagirmos sobre o tema: Adoção de Crianças e Adolescentes. Vamos em frente? Posso contar com você para ajudar a divulgar essa blogagem em seu blog?


O selo da postagem pode ser levado para seu blog por esta tag, código html: Ele foi feito pelo próprio Dacio.


terça-feira, 14 de outubro de 2008

Este selo ganhei da minha amiga blogueira "corujinha", o que me deixou feliz e orgulhosa!


A minha adesão a campanha do cancer de mama, se deu um pouco tardia, devido à algumas dificuldades minha em lidar com a internet, já que sou uma amadora. Mas estou aprendendo!






À minha corujinha amada e adorada






Nesta madrugada, tive uma alegria, impossível de descrever: uma menininha, meiga inteligente, que tem um blog, gostoso de se visitar, e que faz minhas madrugadas interessantes e gostosas. Me indicou para um selo, o que me deixou honrada pela sua indicação!



Nos conhecemos, na madrugada, por isso chamo ela de corujinha é ela me chama de corujona. Veio visitar meu blog na noite, e eu retribuí a visita. A partir daí nasceu uma afeição, um carinho, um encanto, que o mundo virtual nos presenteia.



Ela sabe o que esse gesto representa pra mim, e sinceramente, não existem palavras para lhe agradecer, a não ser pelo meu carinho eterno e constante.



Obrigada corujinha, do fundo do meu coração!






Vale a pena conhecer o blog da corujinha. Deixo aqui o endereço dele.




2. Beti - a minha corujona preferida, uma menina muito bem vivida, doadora de um amor que não lhe cabe no peito, de tão grande que é!


segunda-feira, 13 de outubro de 2008


Reflexão- Gilka Machado


Há certas almas
como as borboletas,
cuja fragilidade de asas
não resiste ao mais leve contato,
que deixam ficar pedaços
pelos dedos que as tocam.

Em seu vôo de ideal,
deslumbram olhos,
atraem as vistas:
perseguem-nas,
alcançam-nas,
detêm-nas,
mas, quase sempre,
por saciedade
ou piedade,
libertam-nas outra vez.

Ela, porém, não voam como dantes,
ficam vazias de si mesmas,
cheias de desalento...

Almas e borboletas,
não fosse a tentação das cousas rasas;
- o amor de néctar,
- o néctar do amor,
e pairaríamos nos cimos
seduzindo do alto,
admirando de longe!...






Crisálida

De cuidado e delicadeza, devíamos sempre nos vestir, evitando assim qualquer deslize, aos sentimentos alheios. Nunca ultrapassarmos nossos limites, mesmo motivados por impulsos ou desejos prementes, seria uma regra básica a ser seguida. A fragilidade da tênue linha entre o querer e o poder, é extremamente fácil de se romper.

E quando invadimos o espaço de quem está ao nosso lado, estamos, rompendo regras, que nos permitem uma sociável convivência. E como nas borboletas, às vezes, um gesto mais bruto, mais ousado, deixam pedaços, entre os dedos de quem as tocam. O mesmo acontece com a convivência humana. Quando nos destituímos do bom senso e passamos a exercer uma certa autonomia, mesmo movidos por boas intenções, quebramos lições da boa educação, estamos invadindo o casulo alheio.

Estamos colocando bandeiras sem licença prévia. Estamos nos tornando invasores onde devíamos ser visitantes. Quando tomamos esta atitude, sentenciamos o outro lado, a um retrocesso, compreensível diante de tal situação.

A sensibilidade deve sempre ser nosso par constante, evitando-se transpor a linha que separa o sensato e o delicado, do abuso e da imprudência.
Por mais intimidade que se tenha com alguém, somos dois lados diferentes, e jamais devemos nos impor, nos tornar inconveniente.
Corremos o risco de perder, essa intimidade, e quem sabe até o respeito. E a harmonia torna-se bruta, e lapidá-la torna-se quase impossível.

Portanto aprendendo, onde erramos, devemos optar pela cautela e pela sensibilidade de respeitar o espaço alheio.
Como na semântica, permitir que o lagarto siga seu ritmo adequado ao transformar-se em borboleta. Nos relacionamentos, sejam de qualquer espécie, a delicadeza, é o fator primordial. A essência perfila-se com uma borboleta. Delicada e frágil.

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Eu




Sou uma alma pequena
neste espaço imenso.
Sou translúcida
mas às vezes fechos meus tons e fico opaca.
Sou invisível
mas quando me mesclo à vida
todos me vêem.
Sou como uma lagoa de águas tranqüilas
mas quando me jogam pedras, formo círculos infindos.
Sou de uma suavidade inverossímil
mas tenho garras escondidas, prontas a serem usadas.
Minha alma é como de um super-herói
intrépida, audaz
mas necessito de colo a toda hora.
Sou hospitaleira
mas, fecho minhas portas quando me sinto acuada.
Sou como um amanhecer
que desliza sobre tudo com soberania
e quando vem a noite, reponho minhas autonomias
para o próximo amanhecer.
Sou como o sol, que brilha e resplandece de dia
e a noite se veste de prata, para uma festa.
Sou mestre em amar
e aprendiz em ser amada
mas só amar, por si só me basta
preenchem-me todos os meus vazios
deixa-me farta, com a alma esgotada.
Minhas dores, são intensas
mas as transformo em efemeridade
quando ressalto minhas alegrias
e a permuta é constante.
Sou como um grito de desabafo
pra não guardar mágoas, nem melancolias
quando sou ferida esperneio e choro mares de lágrimas
e não me sinto constrangida.
Sou como a complacência de um monge
mas a intolerância me desnorteia, me tira dos eixos.
Sou como um sorriso de criança
mas tenho a sensualidade de um ato de amor.
Sou como um beijo no canto da boca
mas minha meta é sempre possuir a boca inteira.
Sou ternura, anseios, medos, amores, sonhos.
Pareço passageira
mas ando ao lado do permanente.
Sou uma transeunte da vida
com ponto de chegada na estação do amor.




Dedico esse arremedo de poesia ao meu Parceiro Encantado, blogueiro preferido, o Miguel, alguém especial,que mencionou que meu último post estava muito duro. E principalmente porque me mostrou que almas brancas existem, e que os anjos estão entre nós.

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Fazer o sonho acontecer





“Quero falar de uma coisa
Adivinha onde ela anda
Deve estar dentro do peito
Ou caminha pelo ar
Pode estar aqui do lado
Bem mais perto que pensamos.”



Anos 70: O Brasil, fervilhava em emoções intensas e inesquecíveis. Encerrava-se o “Ciclo das Vanguardas”, na sociedade brasileira e posteriormente a derrota das esquerdas armadas, na metade dos anos 70. Cidadãos brasileiros foram covardemente torturados, e outros tantos dizimados e abatidos como animais, despedaçando famílias. Uma caça aos ideais! Nas artes, ocorre o desgaste do “Tropicalismo”, ou seja, a expressão mais adequada do “Vanguardismo Artístico” brasileiro. Desponta uma nova etapa na política de esquerda. O nascimento do Partido do Trabalhador (PT). Na política e na cultura, esboçava-se uma revolta latente contra a Ditadura, enfiada goela à baixo, nos brasileiros!


“A folha da juventude
É o nome certo desse amor
Já podaram seus momentos
Desviaram seu destino
Seu sorriso de menino
Quantas vezes se escondeu.”



O grito de protesto ecoa, nos cantos do País, em caráter de músicas e peças de teatro, entre outras manifestações culturais. O que foi duramente combatido pelo sistema imposto! Mas deixaram marcas profundas na memória de muitos brasileiros.
A punição ocorreu: exilando, torturando e destituindo a liberdade dos artistas que ousavam se manifestar de forma avessa ao que acontecia nas ruas, e nos bastidores do país! A censura fincava seus pés sem piedade!
Chico Buarque, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Geraldo Vandré, tiveram suas músicas esmiuçadas e retalhadas pela “tesoura” dos censores.
A cultura estava sendo castigada!
Geraldo Vandré foi duramente punido, sendo torturado, por ter composto a música “Pra não dizer que não falei das flores”. Foi considerada um “toque de reunir” das forças armadas, devido a sua letra, até hoje lembrada:


“Vem vamos embora/Que esperar não é saber/Quem sabe faz a hora, não espera acontecer!”

Custou-lhe o exílio, na seqüência, a tortura! E supõe-se que tenha enlouquecido!



“Mas renova-se a esperança”.
Nova aurora a cada dia
E há que se cuidar do broto
Pra que a vida nos dê flor e fruto.”



Nos anos 75 e 76, foragida de uma educação rígida, ditatorial, tornei-me bancária, desfrutando minha liberdade, tão duramente conquistada! Andava na transversal dos acontecimentos do meu país. Devido a uma sede de viver contundente, tornei-me alienada aos fatos trágicos, que ocorriam a todo o momento. Enquanto eu vivia plenamente e fazia planos para o futuro, jovens como eu, eram torturados, vilipendiados e morriam nos “porões da ditadura!”.
Enquanto, eu comprava roupas, cursava um curso de modelo, e me sentia bonita e cheia de vida, mulheres de minha mesma idade, despojavam-se de suas vaidades e aliavam-se às lutas.

Ao casar-me mais tarde, com um colega, e militante ativo, passei a participar com ele dos piquetes e greves bancárias, tentando assim buscar a contrição pelo meu pecado de “alienação passada”.



“Coração de estudante
Há que se cuidar da vida
Há que se cuidar do mundo
Tomar conta da amizade”



Um dia, caiu em minhas mãos o livro Brasil: Nunca mais
Baseado em depoimentos de entidades vigilantes dos direitos humanos.
Relatava com detalhes claros e crus, o que se passava nos bastidores das prisões, da ditadura.
Estarrecida com a crueldade descrita em cada linha, penitenciei-me diante do meu descaso! Com um remorso, dilacerante (o único que senti até hoje), meu coração fez-se pequeno e medíocre! E mesmo tendo reformulado minhas atitudes e tendo uma outra postura diante dos fatos, me senti culpada, mortificada, por ter fechado meus olhos para tudo aquilo e tê-los voltados para coisas banais.

Num acordo com minha consciência, vivenciei, vibrei, com maturidade e consciência patriótica, com o “Impeachment” em 15 de março de 1990, do então presidente Fernando Collor. Com a eleição de Lula, em 2003 e de outros fatos políticos do meu país e do meu estado!






Hoje convivo com uma realidade política, que extinguiu meus sonhos.
Minha esperança por um país melhor tornou-se efêmera, frágil, passando a convergir com a desilusão da maioria dos brasileiros.
Mas ainda tenho a utopia de que minha esperança faça um conúbio com meus sonhos adormecidos, e a chama reascenda e aqueça meu coração de brasileira, que ainda sabe lutar por ideais e por vida mais digna.



“Alegrias e muitos sonhos
Espalhados no caminho
Verdes, planta e sentimento
Folhas, coração, juventude e fé.”


Sobre o livro Brasil: nunca mais
“O grande objetivo do livro é que ninguém termine sua leitura sem se comprometer, em juramento sagrado com a própia consciência, a engajar-se numa luta sem tréguas, num mutirão sem limites, para varrer da face da terra a prática das torturas.”

James Wright


sábado, 4 de outubro de 2008


Balançar

Neste verão já decidi: vou colocar uma rede, na varanda de minha casa.
E quando, eu me sentir como se estivesse numa estrada poeirenta, vou para ali recuperar meu fôlego, minhas energias. Provavelmente esse momento, será ao entardecer, naquele momento, em que nossa vida parece estar se escondendo, desaparecendo com o sol, numa fuga inesperada. Vou saborear a melancolia, e sentir a vida deslizar suavemente, como uma canção nostálgica.

O tempo vai parecer parar, o ar vai estar morno, só com uma leve brisa a me acariciar a pele, como um carinho do homem amado. Apenas um roçar, como se fosse uma leve impressão, um leve toque, que me vai eriçar os pelos. Vou esperar a noite, e vou ficar a contar estrelas, sonhos, esperanças. Lembrarei de passagens agradáveis, onde fui feliz. Serei feliz, de novo. Terá o sabor de uma felicidade, novinha, sem os resquícios de tristezas, angústias passadas.
Quem sabe chame meu amor pra sonhar e perambular pelas estrelas comigo. Pra me ajudar a contá-las. Entre cada estrela contabilizada uma caricia acrescentada. Juntar meu corpo ao dele e unir os pensamentos em um uníssono compasso. Estaremos planejando como ser feliz, sem correntes, sem medos. Tendo apenas como obrigação, ser feliz.
Viver um dia de cada vez, um sonho de cada vez. Mas se meu amor não quiser me acompanhar, não tem importância. Se ele temer a felicidade. Vou me embalar sózinha e ser feliz por ele. E quando cansar-me e de tudo me fartar, vou até ele, abraço-o e beijo-lhe a boca. Passando-lhe minha felicidade e minha paz.