quinta-feira, 26 de junho de 2008






O supérfluo do belo


Escorreguei no teu corpo, numa invasão concedida. Teus sentidos me rodearam, sucessivamente me deixando trêmula, sem prumo. Suspirei no teu ouvido, pra não te assustar. Tua boca entrou na minha, trespassando a minha numa lentidão devastadora. Teu pomo-de-adão subiu e desceu, lentamente. Fiquei satisfeita. Tinha te atingido! Fui buscar respostas no teu infinito querer. Todas minhas dúvidas foram saciadas com tuas certezas. Nos teus braços, fiquei pequena, pra logo crescer no teu desejo. Encostei, no teu peito, e ouvi teu coração bater loucamente, me querendo, invadindo minha privacidade, me tomando, derrubando meus muros, desfazendo meus preconceitos. Estava ansiosa, apreensiva, com medo de te perder! Tudo desnecessário, em vão! Bastava olhar na paisagem serena e vulcânica do teu olhar, pra constatar que tua vida já estava, enredada na minha. Não pra sempre. Pra agora. E é o que me bastava saber!