domingo, 17 de agosto de 2008


Nem muito, nem pouco




Entrei, empurrada aos trancos e barrancos, pela minha amiga, que vinha grudada nos meus calcanhares. Tímida, e aos trinta e seis anos, nunca tinha feito nada parecido. O medo me dava embrulhos no estômago! Eufórica, minha amiga, sussurrava nos meus ouvidos:
-entra e vê se rebola essa bunda, nem que seja um pouquinho!
Quando tentei retrucar, fui literalmente despejada por ela, rumo ao amontoado de gente que se esfregava e rebolava, ao ritmo de uma música lunática. Pensava em desespero:
-Porque me meti nessa! Isso vai virar uma grande merda!


Mas empertiguei o corpo, puxei pra baixo, a saia daquele maldito vestido, que de tão justo, subia por conta própia, pensando, que até o fim da noite, estaria com ele, enrolado no meu pescoço, como um cachecol. Além de tudo, era branco, e mostrava todas a minha curvas, não perdoando, nem mesmo as mais acentuadas.
E mesmo no escuro, por ser branco, me fazia parecer um sinalizador de trânsito, com uma cor diferente. O decote, nem era bom eu pensar nele! Ia até quase meu umbigo, e pouco pano era estendido, sobre meus seios. Pareciam presidiários numa fuga alucinada. Temia olhar para baixo, se o fizesse sairia dali correndo.


Coisa impossível! Então reunindo toda minha coragem, já que estava enfronhada naquela empreitada, até o pescoço! Pescoço? O vestido continuava a subir vertiginosamente. Ah! Meu cabelo, volumoso, estava repartido, de tal forma, que encobria, um lado do meu rosto, me deixando com uma visão parcial, o que dificultava tudo! Além de tudo, quase cega!


Fui, literalmente injetada, para a pista de dança, onde as pessoas dançavam frenéticamente.
Empertiguei-me, sacudi as ancas, dei uma rabanada, nos cabelos, e lancei-me ao perigo!
Volta e meia eu sentia uma mão, nos meus glúteos, outras nos meus seios. Tapeava, tentando afastá-las, mas quando tirava uma, já tinha outra.
Foi uma caminhada heróica! Uma maratona de olimpíadas! Mãos alheias eram os bastões, que passavam de uma para outra, rapidinhas.


Avistei-o, o objetivo de toda essa e loucura. Encostado no balcão do bar. Magnífico, lindo!
Olhei pra trás procurando minha amiga. Claro que a bandida tinha sumido! Minhas mãos suavam frias. Mas segui em frente! Quase roçando nele, pedi ao barman gim com tônica, para impressioná-lo. Sem me atrever a olhar para os lados. Pelo rabo dos olhos, percebi seu olhar. Nos meus seios! Gelei, mas vibrei, por dentro. Tinha chamado sua atenção! Nem tinha como não fazê-lo! Com aquele visual extravagante!

Levei a bebida à boca. Como, não sei, já, que mão tremia, incontrolavelmente. A voz então sussurrou, rente ao meu pescoço, quente, arrepiando-me toda:
-Quer dançar?
Nem cheguei a responder, já estava colada à ele na pista de dança. Logo, suas mãos passeavam, afobadas pelo meu corpo. A respiração ressonava, no meu ouvido e pescoço.
A boca resvalava pelo meu rosto e rápido buscou a minha. A língua matreira procurava a minha, chegando ao meu céu da boca. Quase não conseguia respirar. O seu desejo, se fazia notar, nas minhas coxas. Quase nem acreditava! O homem mais lindo, que trabalhava no mesmo local que eu, e nem sequer me notava, estava ali acariciando-me, beijando-me, agarrando-me, alucinado.

Quando dei por mim, estava num canto isolado, com uma das suas pernas, entre as minhas, a mão descendo, invadindo, meu sexo, com todos os dedos, vasculhando-me sem parar. Meu raciocínio me abandonou. Ainda bem!


No meio da madrugada, estávamos num motel, satisfeitos refestelados, em lençóis! De tímida, passei a mulher sensual, fogosa, sem limites, suspirava, enroscada nele. A mão descansava nos meus quadris, brincando de descer e deslizar, pelas minhas reentrâncias, me extraindo gemidos baixinhos.
Olhando-me, sua voz soou, tirando-me do êxtase:
- Não sabia que fazias, esse tipo de trabalho à noite!
- Trabalho? Não entendi! Balbuciei, desconcertada.
- É, “garota de programa!”


Engasguei, tendo um acesso de tosse. Eu sabia, que aquele plano de sedução de minha amiga, não daria certo! De tímida, comportada, e por ele não notada, me transformei em “mulher de vida fácil”! Meu Deus! Teria que lhe esclarecer, o que seria um constrangimento! Mas, foi o que fiz, contando-lhe o plano idiota.
Depois de ouvir, ele ria sem parar! Tive ganas de esganá-lo. Acalmando-me, e entre risos ele me disse:
- Você fica linda nesse papel! Dava até pra exercer! Ias faturar uma grana legal!
Quis esmurrá-lo, furiosa, mas ele rindo buscou-me a boca, e entre beijos, falou-me:
- Mas te prefiro como minha namorada! Quer?
Nem pude, responder, com a felicidade me invadindo! Concordei com um jesto afirmativo.
- Só tenho um pedido.
- Qual? Perguntei um pouco confusa.
- Promete-me, que usa esse vestido, de vez em quando?
Concordei, me refrescando no mais puro prazer!

- Te faço um desconto e ainda dou um brinde...