segunda-feira, 11 de agosto de 2008





Toda forma de amor vale a pena






Os olhos pequeninos cintilam de euforia ao serem brindados pela figura, que se aproxima. O corpo franzino, de compleição frágil, parece agigantar-se, numa demonstração de felicidade incomparável. Os gestos, curtos e ligeiros, se confundem com os olhares sorrateiros, que dirige a todo o momento, ao longo do espaço ao seu redor, na esperança de ter seu olhar correspondido. Tenta, desesperadamente conciliar o atendimento aos clientes com o anseio, de atender, aquele, que provavelmente aguarda, desde a hora, em que chega ao seu local de trabalho. O sorriso tímido esboça-se, no rosto bem delineado, numa alegria, rebuscada de emotividade exagerada. Movimenta-se, com agilidade e os olhinhos espertos e matreiros, prendem-se ao ser amado. Meu amigo, em o motivo do encantamento do rapazinho, olha a sua volta tendo a sensação de que todos ali percebiam, aquela demonstração de paixão. Coça o queixo, preocupado, como que procurando uma maneira de fugir, sem despertar atenção. Ou melhor gostaria de escafedesse, como se os demônios o perseguissem. O moçoilo alheio à seu constrangimento, virava-se de costas para o balcão e sua bundinha projetava-se lascivamente,como numa dança sensual. O meu amigo, coçava ostensivamente, suas partes baixas, como que a afirmar, sua masculinidade, o que só provocava suspiros no rapazinho, e lhe lançava olhares lânguidos, cada vez mais extasiado. Meu amigo, coitado, temia até mesmo olhar para os lados. Desdobrava-me em risos internos, procurando ser solidária à sua aflição. A sessão de “namoro” estende-se por minutos, que representam horas, já que a fila é extensa. Fico ansiosa aguardando o momento, dele ser atendido, antevendo como reagirá. A hora fatídica (para o meu amigo), acontece! Ao fazer o pedido sua voz soa mais grossa, bem mais, que a normal, empastada de macheza. É rude, grosso, mal educado. Dou-lhe uma generosa cutucada. Como resposta, envia-me um olhar mortífero. Ofereço um sorriso inocente e ensaio um pedido de desculpa,mas sou alvo de outro olhar mortal, e desisto. Mas, recolho um sorrisinho, que não lhe passa despercebido. Depois de atendidos, nos dirigimos à saída, e lá, vislumbro, os olhares tristonhos e espichados do rapaz, demonstrando, estar preste a chorar. E meu amigo, na sua insensibilidade de macho, nem sequer lhe envia um sinal, de que "em breve voltará". Na rua desato a rir compulsivamente, o que lhe provoca a ira. Analiso-o de cima a baixo, e comento, que seu corpo atlético, de pernas e braços longos e seus traços angulosos, devem tumultuar de sonhos delirantes e visões eróticas, as noites do pobre rapazinho. E ressalto, que vou passar a prestar atenção: se ficará, a se arrumar meticulosamente, quando voltar ao local. O amor proibido é sempre mais excitante!