Não há nada que uma boa ladainha não resolva
(inclusive problemas de cunho sexual)
Era pra ser um evento normal, agradável, descontraído, como todo acampamento de jovens deve ser. Jovens alegres, com energia a toda prova e hormônios em ebulição. E esses mesmos foram os causadores de contratempos, que vou lembrar pro resto da minha vida. Chegando ao acampamento, fomos apresentados uns aos outros. Tudo dentro do normal. Até meus olhinhos sempre agitados, pousarem, naquela figura de macho sedutor, moreno, com olhos e boca que qualquer ser humano, se renderia de corpo e alma. E foi o que eu estabolhadamente, fiz. Rendi-me à ele e as encrencas, que vieram a seguir. Meus hormônios se descontrolaram, tropeçando uns nos outros, tentando organizar uma fila de chegada até aquele homem estonteante e sensual. Tentei controlá-los, mas foi tempo perdido. Nada do que eu fizesse iria mantê-los quieto. O motim, já estava organizado. E eu, estupidamente feliz, me deixei levar pela minha sensualidade, desmedida. Eu já conhecia o dito cujo, mas as chances de um relacionamento, mais de perto, bem perto acontecer eram grandes. Eu o achava bonitinho, mas agora, esse adjetivo parecia ridículo. Bonitinho? O homem era de enlouquecer até a mais ferrenha adepta do mais puro celibato. A boca carnuda insinuava beijos molhados, passei ansiosamente a língua pelos meus lábios secos, claro. Tudo piorou, ou melhorou pra mim, quando foi feita a divisão dos componentes nas barracas. Milagrosamente, juro, nada fiz pra ser assim, ficamos na mesma barraca! Mas como nada é perfeito, uma amiga minha iria compartilhar o mesmo espaço. Na hora de dormir, ardilosamente, escolhi meu lugar no centro. De um lado minha amiga e no outro aquele que me faria perder de vez meu controle. Jeitosamente, candidamente, ajeite-me entre os dois. E fingi dormir, porque de fato não conseguiria. Ele deitou aquele corpo, exalando masculinidade, e acho, também fingiu dormir. Assim eu desejava. Para não despertar suspeitas em minha amiga, virei-me de costas para ele. Não ficaria de frente, mas certamente minhas costas também seriam convidativas. Senti a sua respiração quase na minha nuca. Ele estava virado para o meu lado! Suspirei em silêncio, satisfeita. Levaram segundos, nos quais, fiquei sem respirar, esperando. Foi quando, senti uma mão quente, tocando minha nuca e afastando meus cabelos, do rosto. Desceu vagarosamente pelas minhas costas, desenhando trajetos perigosos. Arrepiei de prazer e fiquei quietinha, antevendo os momentos maravilhosos que viriam. E eles vieram! Na forma de carícias silenciosas, me deixando sem fôlego, engasgada no delírio, das mesmas. Meu corpo todo foi tocado, me deixando enlouquecida de puro tesão! Senti-me na obrigação (sim, uma mulher decente não deve escancarar suas necessidades sexuais) ,de retribuir as carícias. Na cumplicidade da escuridão, virei-me com cuidado, e desci até aquele corpo pecaminoso. Toquei-o e descobri maravilhada, que ele já, estava pronto, para a batalha. Regozijei-me e me atirei de corpo e alma, mais corpo que alma, naquele prazer, e ajoelhada lhe rendi minhas mais humildes homenagens. A princípio só escutava gemidos baixos, grunhidos, mas conforme eu ia fazendo minha reverência singela, os grunhidos foram aumentando, tornando-se, gritos com palavras desconexas, mas às vezes, passando a indecentes. Alertei-me rapidamente!No silêncio da noite, aqueles gritos desvairados, acordariam, todo o acampamento. Dei-lhe uma cutucada, com meu cotovelo nas suas coxas, alertando-o! Então ele começou a entoar uma ladainha estranha, aquelas que o povo árabe entoa, quando saúda Alá. Sim porque um pai nosso não resolveria a situação. Uma reza muito comportada, sem gritos. E a ladainha, foi-se prolongando com entremeios de gemidos, urros e palavras ininteligíveis. Terminei, minha tarefa, recompondo-me, com o coração os pulos. Mas a sessão de prazer não findou ali. Senti as mãos descendo, invadindo meu corpo. Dei um pulo e tranquei a respiração, sentindo,ele me tomar por inteiro. E a ladainha recomeçou, desta vez de minha parte. Gritava, e a cada carícia, meus gritos tomavam proporções enormes. Nem Alá compreenderia, mesmo que eu me prostrasse de joelhos. Ele certamente me mandaria pros quintos do inferno. E a criatura, não se fatigava, pelo contrário a cada grito meu, ele acelerava o ritmo e intensificava, as carícias, me deixando enlouquecida. Escutei passos apressados na rua, dei-lhe uma nova cutucada, desta vez em sua barriga. Ele retirou-se meio abobalhado, e ajeitou-se no seu lugar. Ajeitei-me rapidamente e retomei a respiração, ao menos tentei. A supervisora do acampamento, com um tipo de sargento de campo de concentração, lançou o facho da luz da lanterna direto em nós. Fiquei apavorada quando ela perguntou o que estava acontecendo, lembrando-me, só agora, da minha pobre amiga, que certamente, daria com a língua nos dentes. Ouvi a sua voz tímida, dizer:
-Eles estavam orando! Pra Alá! Inclusive, ela até se ajoelhou pra orar! Eu nem sabia que minha amiga era muçulmana, nem ele! A supervisora fez uma carranca, e disse:
- Orem, mas da próxima vez façam em tom mais baixo!
- Olhei para meu parceiro de “oração” e suspirei, pensando nas noites de.
“ Orações”, que teríamos até irmos embora. E sorrimos satisfeitos...
continua...
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