quarta-feira, 5 de novembro de 2008


Com os sonhos nas mãos
(percorrendo o arco-íris e abrindo o baú dos sonhos)





Exposição
Resgate da Arte

Beti Timm, com a coragem que lhe é característica, reabriu seus baús e promoveu o resgate de sua arte, durante algum tempo em compasso de espera. São desenhos sobre os mais variados tipos de papel, elaborados com lápis, grafite, crayon, carvão, nanquim, entre outros. Agora os abre ao público, como se estivesse expondo seu próprio coração, o verdadeiro criador de suas imagens de sonhos. É uma artista genuína e original em suas criações intuitivas, impondo o fascínio de suas superfícies volumétricas e a sensualidade onírica de suas mulheres. Sua linguagem é lírica e os climas de suas obras, fascinantes.

Zeca Paes Guedes
Marchand e crítico de arte



Exposição
Resgate da Arte - Beti Timm
Casa de Artes Baka
República, 189
25/11/08
19h



O texto do convite foi uma gentileza do meu amigo Zeca, sempre carregado de carinho comigo.
A data mencionada no convite, não é a correta, foi só usada como teste, pela minha filha ao confeccioná-lo.




Inicia-se neste mês uma etapa de minha vida, que sempre me pareceu tão distante quanto o fim do arco-íris. Esperanças, escondidas, em uma gaveta trancada a sete chaves, que nem mesmo eu pensava em destrancá-las.
Mas como num passe de mágica achei as chaves e libertei as esperanças, espalhando-as por todos os cantos de minha vida.

Desenho desde de menininha. Mas desenhar era algo proibido e que me renderam surras homéricas de minha mãe, que era a titular da família. Meu pai estava, como esteve sempre até hoje indiferente à tudo, preocupado em planejar suas escapadas. Eu recolhia todo o tipo de material que desse para desenhar, os lápis precários do colégio, as folhas de caderno, que usava escondida, papel de embrulho, espaços brancos em revistas, qualquer coisa que me permitisse desenhar, tudo que rendesse um risco, eu usava.


Na opinião de minha mãe, desenho não me renderia nunca dinheiro, nem uma profissão decente. Dizia-me que em vez de desenhar, devia era ajudá-la nas lidas doméstica, e era o que eu fazia, mas quando tinha um tempinho, corria para os meus desenhos e quando era descoberta, o que freqüentemente acontecia, as surras eram certeiras. Quando eu sentia a dor, que doía fundo, eu sonhava que um dia ia poder desenhar, sem ser punida.
Mas o que me doía mais, era quando ela achava meus desenhos, e os rasgava, para não tentar fazer novamente. Doía-me como se minha vida estivesse sendo destruída. As horas que eu passava escondida num porão eram rasgadas, como se meus sonhos fossem despedaçados. Tudo isso proporcionou um bloqueio, muito penoso pra superar.


Continuei desenhando, mas sem pensar em expor, guardando-os, com a certeza de que só pra mim tinham valor. Tinha sempre a sensação de estar fazendo algo errado, e que seria punida.

Foi a pouco tempo, que comentando o blog do Zeca (janelas do zeca), que esteve e está muito ligado as artes, que timidamente, mencionei que desenhava, mas que não mostrava a ninguém. Ele pediu-me para mostrar-lhe, os meus desenhos. O que fiz, muito temerosa, pensando na minha pretensão em mostrar desenhos simples, para uma pessoa que lidava com artistas competentes.


Mas para minha alegria, ele passou a me incentivar a mostrá-los e a continuar desenhando. Foi uma longa e torturante caminhada, com medos, inseguranças, mas com o Zeca me cutucando a todo momento, que me desafiou a provar a ele e a mim mesma, que eu chutaria meus fantasmas e realizaria meu sonhos.

Devo-lhe isso, mesmo ele insistindo que foram meu talento e meus méritos, que desbrocharam . Mas tenho certeza, que se não fosse a insistência dele, as palavras de estímulo, e o desafio que me despertou, eu estaria escondida até hoje.



Tudo requerendo muita luta, brigando com meus medos, ainda em momentos tendo a sensação que estou fazendo algo errado, mas vou em frente.

Desenho na madrugada, porque é mais tranqüilo. As vezes acho que estou um pouco, obcecada, pelos desenhos. Todo momento livre, corro pra desenhar. Tento recuperar o tempo perdido. Tenho certeza que vou achar meu equilibro, mas agora a minha sede é imensa!

Meus dedos estão com calos, minhas costas doem. Todo dinheiro que me sobra, uso para comprar meus materiais, deixando de lado minhas vaidades femininas. Estou feliz, em paz com meus anseios e com meus sonhos quase concretizados.

Além do Zeca, que é meu “marchand” de coração, devo a muitos amigos queridos, toda essa minha caminhada: a minha filha, que me dá muito apoio, me auxiliando em tudo. Inclusive é minha relações públicas. A Loba minha amiga e parceira. Cris, a estrelinha, minha amiga de fé. Jens meu parceiro e sei está feliz com minhas realizações. Meu adorado parceiro Miguel, que batiza meus trabalhos (obras, como ele me corrige).Sua namorada, a Soninha, que comenta muito no meu fotolog e que adoro quando ela o faz, e a todos que visitam meu cantinho, e que me contemplam com palavras carinhosas de estímulo.

O pequeno resultado desses sonhos, é a exposição coletiva que participo em uma casa de cultura, e a individual, que se realizará na semana que vem, assim espero. Será simples num lugar tradicional, mas simples. Tudo isso é apenas o começo dos meus sonhos, e que se estenderão até os últimos dos meus dias, resgatando minhas esperanças
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