segunda-feira, 30 de março de 2009



Uma vez



O avião não chegara à tempo!
O destino estava escrito ao contrário mais uma vez.
Eram quatorze horas, de uma tarde sombria, nublada.
O cheiro forte de terra molhada, já se fazia sentir,anunciando chuva
Entre as árvores, os ombros curvados pela dor,ela mantinha-se longe do séquito, que percorria lentamente as alamedas do cemintério.
O silêncio perene era só quebrado pelo farfalhar dos passos
por sobre as folhas secas no chão.
O brilho dele silenciava todo som. Mesmo sua dor era silenciosa. Cortante como uma navalha, que rasga a carne em silêncio.
O espinho da rosa carmim, feriu sua mão. Ela não sentiu...
Parte de sua vida estava sendo carregada, por mãos que não eram suas...
Nem isso lhe fora dado. A dádiva de acompanha-lo no seu último caminho.
A chuva veio mansa, ficando intensa em poucos minutos.
Confudindo-se com suas lágrimas. Disfarçando sua dor.
Demorara tanto a ver o homem que modificara sua vida, e agora pisava o mesmo solo dele.
Seus pés estavam ali, no solo. Os dele não.
A visão do cortejo sumia-se no horizonte, diante de seus olhos.
Até sumir totalmente.
Fora breve, fugaz, como uma tênue linha entre a realidade e o sonho.
Fora breve, mas estivera com ele. Uma única vez juntos.
Beti Timm