domingo, 8 de março de 2009


Uma linda mulher

Esta semana fui agraciada diversas vezes com essa expressão. Confesso que me senti a mais deslumbrante das mulheres, e mais feliz ainda fiquei, quando esta pessoa me acrescentou uma beleza interior. Hoje é o Dia Internacional da Mulher, sendo também por uma casualidade do destino, o dia do meu aniversário. E concluí incrívelmente,que levei exatamente 54 anos, pra ter um dos aniversários mais felizes da minha vida! Realmente nunca é tarde para a felicidade.

Mas não quero falar de mim. Quero falar de outra mulher, que não está ao meu lado, por ter partido desta vida, ainda com muito pra viver. Vou falar de minha mãe! Uma mulher que foi intensa em tudo que fez na vida. Lutou até seu último suspiro contra a morte, e com muita honra, estive ao seu lado neste momento. Assim como estive com meu sogro, um homem que amei muito, e que considerava como pai, já que o meu esteve sempre distante afetivamente.
Parece-me que a vida me coloca diante destas provas: ver morrer as pessoas que amei profundamente. Apesar de considerar isso as vezes um sofrimento, sempre tive a sensação que eles me escolheram para estar ali ao lado deles, naquela hora, e assim passei a aceitar isso como uma dádiva e não como uma provação.

Minha mãe, uma mulher exuberante, cheia de vida, vaidosa, que nunca se deixou entristecer-se ou entregar-se ao desleixo, porque a vaidade, a faceirice, era o ingrediente que a impulsionava à viver. Jamais saía na esquina, sem um batom! Não era uma escrava da estética, mas era cuidadosa. Nunca dormia de maquiagem, assim como nunca colocava o pé na rua, sem estar devidamente aparamentada com seus acessórios de beleza. Era bonita, sensual, passava alegria, exuberância, mas sabia brigar pelo que queria. Na minha infância e adolescência, tive uma relação conturbada com ela, mas nunca foi de frieza como é com meu pai. Tudo era intenso com ela, na mesma medida que amava, se defendia quando se sentia ameaçada. Quando entrei na maturidade, entrei em choque com esse comportamento explosivo e passei a agir do mesmo jeito, daí nascendo nossas divergências. Mas quando em um momento discutíamos, no seguinte eu já estava no seu colo.

Antes de morrer, poucos meses, nossa relação se estreitou, ficamos confidentes, parceiras, amigas, e isso me fez resgatar um sentimento, que pensei ter perdido. Pediu perdão, pelas surras, pelas incompreensões, pelas intolerâncias, explicou-me que agia daquela maneira, por ter medo que eu passasse na vida o que ela passou. Hoje tenho saudades dela, sempre que algo de bom ou ruim me acontece, é a primeira pessoa que penso pra contar, desabafar.
Mas sinto-me de alma limpa, porque fiquei com ela até o seu fim, algo que meu pai, numa frieza dura, não fez, ao contrário passou a maltratar-lhe. E por um ajuste do destino, ele também vai morrer ao meu lado, mas tenho certeza que não repetirei o que ele fez com ela, porque o destino o colocou, ao meu lado pra mostra-lhe que a vida tem a sua justiça própria, e que o amor compensa mesmo quando não se reconhece isso.
Eu estou feliz, de paz com a vida, como minha mãe sempre quis.
Esta semana, ouvi sua voz macia e meiga, me cantando baixinho: parabéns pra você, nesta data querida...
Ela sempre estará ao meu lado!
Com este texto, rendo minha homenagem à todas mulheres que de uma forma ou outra buscaram ou buscam seu espaço neste mundo, tão confuso. Mulheres que amam e são amadas e para aquelas que a vida as privou do amor e de tantas outras coisas, digo que nada ,é impossível quando se luta por nossos sonhos. Dedico também à todas as mães que cantam canções de ninar, estando ou não com seus filhos.

Acima o primeiro desenho que fiz da foto.