domingo, 28 de setembro de 2008


Antes e depois


Este mês estou fazendo um ano de blog. Certamente, não é um fato inédito, nem mesmo, tão importante. Particularmente, porém, é uma realização pessoal, da qual, ainda cada detalhe me surpreende, me instiga a repassar, como cheguei, há esse estágio completo, vindo de um ciclone de emoções e dores imensuráveis, das quais estive à mercê, sem vislumbrar nenhum futuro, nenhuma possibilidade de ao menos viver.


Despedi-me de um casamento de 20 anos. Um relacionamento perfeito, e que acabou, tão sereno, como quando começou. Não sobraram seqüelas. Mas tive que enfrentar um aprendizado pra viver sozinha, com uma filha, que dependia, da minha estabilidade emocional. Assim, totalizaram-se medos, inseguranças, angústias, perdas, monotonias longas, rotinas sufocantes e incansáveis.

Passou a me acompanhar, uma mesmice após a outra, sem intervalos. Sem sobressaltos. Um rio, turvo, estático, que não desembocava, em lugar nenhum. Um monólogo, onde só eu escutava, e sem me ater a nenhum ponto. Sobrevivia! Os dias passavam, um a um, sem contabilizar, nenhuma emoção! Nada que fosse instigante. Nada que fizesse-me crer que valia a pena estar viva.


Durante este marasmo, me deparei, com uma Síndrome do Pânico. Arrasadora! Que se denotou, como um alarme, avisando-me, alarmando-me, do mal que em mim se instalava. Jogou-me numa depressão, infinda. Um medo, que devorava-me aos poucos, pelas beiradas. O medo de morrer era sufocante, intenso. Eu morria a cada crise, e no minuto seguinte, já estava desesperada, temendo a próxima. Após um ano de depressões profundas, terapia, medicação e ajuda de pessoas que me amavam, e que estiveram fielmente do meu lado, voltei a andar sozinha. Um passo depois do outro. Voltei a trabalhar. Retomei minha vida!


Fui recolhendo, pedaços, de tudo que acreditava ter perdido. Depois de anos de solidão, sem expectativas, nem sonhos. Fui em busca do que meu íntimo evocava, com veemência: as paixões, o revigorante, por mim esquecido. Mergulhei inteira, no anseio das paixões. Precisava, ainda preciso, me apaixonar, amar, revirar-me em sensações intensas. Foi o que fiz. Obviamente, que o despreparo, e muito sequiosa, que estava, rendeu-me dores indesejáveis.

Joguei-me de cabeça, desmedida! E tornei-me refém da dor, do amor, da desesperança, da desilusão, que me deixou sem rumo. Mas felizmente, foi só um surto! Recuperei-me, juntei meus pedacinhos e não me desencantei! Não fiz disto uma bandeira da decepção, do nunca mais. Ainda meus erros são freqüentes. Tento saná-los, mas não permito, me inibir, me desestimular.


Hoje, a paixão é meu porto, onde atraco minhas emoções, meus êxtases constantes! Minha clarabóia para a vida! Meu instinto imediato.
Na paixão levito, me entrego, me escravizo e também sou dona e senhora! Porém, mais urgente, é a paixão pela vida. Deleito-me na harmonia,e na parceria, que ela me oferece.

Estar aqui, hoje, sem pretensões literárias, apenas brincando de escrever, é um podium, que nunca pensei subir! Menos ainda, colher amigos especiais, e elogios. A cada letra por mim saboreada, com ansiedade, nos comentários, tem um sabor de vitória, de obstáculos que achava intransponíveis. De sonhos fielmente escondidos e que agora desfilam exuberantes diante de meus olhos. Estar aqui um ano, é ter lutado pelo que parecia inviável! Tendo como recompensa o resgate da minha vida e do direito de ser feliz!