sábado, 26 de julho de 2008

Encontro com o prazer

Domingo, uma quietude quase mística. Um silêncio quase palpável, somente uma música saindo, dos meus fones de ouvido. À minha frente, meu computador, parceiro constante, nas madrugadas frias. Um passeio pela Internet, um site interessante, um universo particular de figuras delineadas, com precisão. Às vezes, delicadas, às vezes fortes, numa magia, transcendental. Pareciam estarem dotadas de vida. Dançavam diante de meus olhos, numa profusão, de cores e traços, que me empurravam de encontro a parede. No começo me intimidando, depois me encantando, me amolecendo os sentidos, me puxando, pra baixo, me deixando indefesa diante de tanta perfeição, tanta beleza. No momento seguinte, sussurravam, no meu ouvido segredos, intimidades,sonhos, utopias distantes. Vi-me, cúmplice, de tanta magia, de tanta emoção. As bocas se mexiam lentamente, num enlevo, os braços me evolviam docemente, os corpos dançavam uma música num embalo suave. Tudo parecia estar ao meu lado, a minha frente, as minhas costas, me enlaçando na beleza etérea, fulgás, num baile, místico, pueril. Tudo contido num sonho translúcido. Num circo mágico, num ato de primeira grandeza. Então o espetáculo terminou! Acordei, com a luz da tela do computador, a me ferir os olhos. Voltei os olhos, para o nome do site, anotei, e senti, que o momento mágico, não estava findo. Faltava um desenlace meu. Escrevi, um e-mail, tentando, atrair com minhas palavras, uma resposta. Como tenho uma atração por esses caracteres, pretinhos, tinha certeza, que haveria uma resposta. Mas não muita certeza. No dia seguinte ao abrir, minha caixa de entrada de e-mails, ali estava o que eu esperava, em negrito o nome dele, pequeno, mas forte. Gentil, envolvente, me pedindo algo que me foi quase impossível atender. Mas recolhi toda a minha coragem, bem pouca por sinal, e temerosa, covarde, tímida, atendi o pedido, sem nenhuma pretensão, talvez no fundo, bem no fundo do meu interior, me interessasse, a pessoa, e não o que ele representava. A cada resposta dos meus e-mails, eu me via sendo puxada para uma aventura estranha, mas atraente. Não esperava tanto, nem mesmo um convite para uma conversa virtual. Deixei de lado, custei a retornar, a aceitar. Mas minha impulsividade venceu minha indiferença e aceitei, apenas por fazê-lo. Sem espera de nada especial. Mero engano! Na mesma hora veio a, resposta, essa que me fez retroceder, tremer, titubear, como uma tímida adolescente. Iniciamos, uma conversa virtual, cheia de nervosismos, formalidades intocáveis, mas que não se estendeu muito. Surgiram as brincadeiras, os jogos de palavras e junto foi se aproximando a descontração e com ela, a sedução, sorrateira, mansa com nuances de uma atração mútua, me dando a sensação de um prazer incontido. Foi-se, a tarde, iniciou-se a noite, e lá estávamos a nos enamorar. No entremeio algumas confusões da tecnologia, eu ouvia a sua voz, macia, como um sussurro suspenso no meu prazer, o sorriso contido, baixo, como uma carícia. Eu o ouvia, mas ele, a mim não, ficou faltando um pedaço, que espero completar na próxima vez. Com a noite apareceu a lascividade, o prazer meteórico, subi na sedução, e ensaiei vôos, perigosos, mas sedutores, incendeando meu corpo, guiando minhas mãos, meus segredos mais escondidos. Me desnudei, tirei minha fantasia de alguém moderado, e enlouqueci, de tesão.Despi-me dos preconceitos e só quis ser mulher, fêmea no cio, engatinhando nas carícias, nas mãos, que sentia me acariciar, na boca que engolia a minha, e salivava, junto, quente, úmida. Quase sentia seu corpo enrolando o meu, dando voltas, me deixando tonta, como se estivesse embriagada, me descondensando, me enlouquecendo de tesão. Trocamos fotos ousadas, numa aventura sensual. Após horas, já não me era mais estranho, distante da imagem que ele representava e ainda representa. Me, era íntimo, um amante encantador, sedutor, inebriante. Quando ele ler isso, saberá de quem estou falando, e se sentirá acariciado e vai querer me dizer e se sentiu da mesma forma. A distancia é grande, mas o prazer nos remete ao mesmo espaço.



Enlouqueci nas tuas palavras
fundi-me no teu prazer
entrei, na tua boca, invadindo
saqueaste minhas entranhas
afagando meu sexo e,
me jogando, no meu gozo úmido


Pra você que me encantou e me seduziu